carlos ferber foi meu aluno, tempos atrás. não me esqueço. corria o ano de 2008 e ele estava atento, ouvindo breve comentário que eu fazia, em sala de aula, sobre "rosa", depois de lermos "primeiro
motivo da rosa", poemeto singelo da não menos singela cecília meireles. estávamos lendo também "rosa do povo" (drummond) e já havíamos comentado "o nome da rosa" (eco), noutra oportunidade, daí o tema botânico e
filosófico se fazer presente. conversa vai conversa vem, ferber interfere para
contar que a tal flor se mantém mais tempo sem murchar se colocarmos, no vaso
com água, um comprimido de aspirina. fiquei pensando quais seriam as dores de
uma rosa para que pudesse usufruir de renomado quitute.
cartola tinha dito que as rosas não falam, mas, pelo jeito, podem ter enxaqueca, daí
aqueles espinhos todos, não sei. mas fica a dica do século, caso suas rosas reclamem de dor.
vem do século 18 a tela de joseph vien,
"a vendedora de amores", em que uma moça, humilde, ajoelha-se numa rica
sala, diante de figura nobre e de sua acompanhante. a singela vendedora tira
de uma cesta um míni-bebê, pela asa, sob o olhar embaçado da provável compradora. não é um anjinho, vou avisando. trata-se de representação do filho de vênus, o cupido. o nome "amor", no plural, indica tudo. amor, cupido.
olhem, o mercantilismo iria se
transformar no capitalismo, já sabem e era importante marcar posição
através daquilo que o dinheiro pudesse comprar. os amores, na cesta, são novos,
gordinhos, parecem inofensivos. talvez sejam. a questão é o motivo que leva à compra. as figuras femininas, na cena, irão usar a compra juntas? engraçado que quem oferece os amores é figura de classe social inferior aos luxos que ali na sala se impõem. a vendedora
está com traje simples, mais escuro e um pano lhe cobre a cabeça, sinal de que
anda bastante, deve ter vários clientes. agora, as perguntas que valem uma vida: de onde viriam esses amores? bastaria
um? quanto custa um amor, daquela cesta?
uma coisa é certa: vendidos assim, devem ter prazo de validade.
vem do grego este termo "prometeu" que significa "premonição". na mitologia, ele teria o poder de prever futuros. então, nesta narrativa grega, prometeu é condenado a ficar acorrentado, acho que isso já se sabe. um detalhe importante está no fato de que quem o acorrenta é vulcano -- seu irmão -- sob ordens de júpiter. por quê o castigo? o titã prometeu, temendo que raça humana fosse dizimada, rouba parte do conhecimento do olimpo (matemática e arte) e entrega aos homens. isso garantiria uma suposta superioridade sobre os outros animais. no limite, podemos dizer que esse é o mito da criação do ser humano, concordam? agora, o que esse povo vem fazendo hoje com o conhecimento recebido, nem prometeu seria capaz de prever. prometeu é condenado a ficar numa pedra, na cítia. fica acorrentado. seu superior o abandona lá. ele tem uma ferida no flanco, por conta do abutre (cão alado) que lhe come o fígado. sim, você percebeu que essas imagens são bem parecidas com as do novo testamento cristão, surgido séculos depois desta história do escritor ésquilo. mas acho que não estão preparados pra essa conversa. continuando com a história do dramaturgo: quem surge para consolar o titã prometeu é io. não resolve. pra piorar, ele se apaixona por io, fato que causa ciúme em juno, acarretando numa condenação a io: vagar pelo mundo perseguida por uma mosca gigante. mais terrível que isso só sendo vascaíno. olhem, prometeu tem crise de carência afetiva. entregou tesouros a outros e, no mínimo, esperava reconhecimentos. errou feio, capotou. se apaixona por io e vê seu sentimento se transformar em tragédia. combo dos horrores completo. tenho sequelas de um câncer e isso potencializa o que seria a tal carência afetiva. fato. de onde vem essa carência? nas coisas do início da vida que insistem em moer meu caminho, hoje, sexagenário e com disfunções fisiológicas. a carência afetiva ainda está sem dimensão pra mim, então isso não ajuda a alcançar harmonias. essa carência fica me lembrando que prometeu, hoje, mora no espelho. . . . . . . . . . . . .
fui ao casamento de silvia e adler, neste setembro. campo limpo paulista. as famílias são de jundiaí. bia kapros, mãe da noiva, era quem eu mais conhecia até então. adler e silvinha são companhia recente. e são lindos.
a cerimônia foi em uma igreja iluminada pelo sol das 16h, toda envidraçada, estrutura de madeira e tudo com leveza e cores entre o esverdeado e o terracota. o detalhe do raminho de alecrim, nos guardanapos sobre os pratos, é um sopro de energia bem-vindo.
teve música, teve leitura, teve protocolo, bênçãos, lágrimas, criança, idosos, riso, energias e casamento. até o carro com latas amarradas na traseira foi detalhe clássico.
eu gostei porque cerimônia e festa abraçavam os convidados. não fui só plateia, mesmo na festa. suave, jovem, mesmo com muitos convidados acima dos 60 anos. leveza. acho que é a palavra deste dia 13 de setembro. curti. agradecemos! eu e a bia balau!
emoção e razão. isso. leio em "autopsicografia" que a emoção entretém a razão, quando ele, poeta, cria seus versos, sua obra. quase sempre é bom misturar um e outro, como compartilhar o desejo e os orgasmos possíveis. emoção não é a perda da razão, sabia? olhem, em julho constumam comemorar a chegada do
homem à lua. foi em 1969. eu vi, pela televisão, acho que era ao vivo.
"um pequeno passo para um homem, um grande passo para humanidade",
poetizava armstrong, um segundo antes de sujar a lua com seu pé de botina branca. em 2025 são 56 anos, desde então. 56. somando, dá onze. dizem que é número ligado à intuição. que coisa.
a lua
está cheia aqui, sobre a cidade. da minha janela vejo uma forma de coelho pregada nela. muita gente discorda, outros dão risada. pé de coelho. dizem que dá sorte, mas eu sei que armstrong usou o pé esquerdo pra pisar. e onze era o número da cápsula voadora. onze. minha intuição diz que o ser humano não precisava ir tão longe pra provar que não só da razão vive o homem.
setembro, 2025. voltei a um processo terapêutico, voltei a remédio antidepressivo, voltei.
até meados deste ano, 2025, tinha acreditado em avanços e, por algum instante, considerei também que se sentir bem, mentalmente, seria uma senha para abolir medicações que vinha consumindo há tempos... errei. bastou um evento cotidiano pra eu desmoronar em crise de ansiedade e afins. o evento em si é só gota que faltava. pote tava cheio de mágoa e farelos de antigas dores. voltei. remédio, remédio. ainda na minha cabeça, essa história do cuidado terapêutico rima com dilema, rima com problema que se tem de resolver logo... sei que não é assim -- no campo da saúde mental --, mas são as heranças ancestrais, as inseguranças. enfim, mil coisas. a terapia está indo bem. isso é acalanto. o trabalho em sala de aula segue, talvez por inércia, talvez por benevolência de quem me contratou. aposentadoria já veio, porque são 39 anos já, em 2025 nessa toada -- a conta começa em 1986, quando carimbam minha carteira de trabalho. daí que não parei, desde então. hoje, trabalho segue. estudantes de classe média, aqui ao meu redor, não são mais estudantes, são plateia. assistem. têm pressa, reclamam de tudo, muitos, hoje, vítimas do excesso de telas, desde a primeira idade... não sabem o que esperar. é dopamina o tempo todo. só pode dar errado. e dá. mas não vou condenar. são escolhas deles. escolhas das famílias deles e, muitas das vezes, do próprio modus operandi das escolas. por essas e outras, voltei aos remédios. processos terapêuticos, mais reflexões, mais elaborar conduta... cansa. talvez fosse hora de dizer não a tudo isso.
hoje, 2025, vou pela casa dos 60 pra 61 anos. é muito, se pensar no que vive um ser humano, no braisl. bem pouco para obra literária, principalmente de luís fernando veríssimo. essa sim, vai durar mais do que eu.
vale uma lembrança: em 1982, eu estava no ensno médio e tive nas mãos "o analista de bagé", contos deste veríssimo. ainda o tenho, como vêem na foto acima. olhem, foi a primeira e última vez que dei muita gargalhada lendo livro. muita. os textos de rubem braga também divertem. juó bananere, oswald ou mesmo alguma prosa do drummond. até "o cão sem plumas" do allen me divertiu. mas não como "o analista de bagé". depois dele, nunca mais gargalhei com literatura.
na verdade, apesar da fama do brasileiro ser piadista, o caso da literatura é de uma seriedade ímpar. poucos se atrveram a entrar no universo da graça, da piada. vejam: martins pena; gil vicente; oswald de andrade, campos de carvalho e mais um ou dois, além de luís fernando, fizeram publicações nessa linha do humor. contando, não dá sete escritores, em tantos anos, desde pero vaz. é quase nada. nossa literatura, lavada de cristandade, filha das tradições lusas é densa, trágica, sarcástica e, às vezes, bem profunda. mas quase nada com leveza e humor. daí essa impotância de luis fernando.
versos de "caça à raposa", joão bosco e aldir blanc:
O olhar dos cães, a mão nas rédeas E o verde da floresta Dentes brancos, cães A trompa ao longe, o riso Os cães, a mão na testa O olhar procura, antecipa A dor no coração vermelho (...) Uma cabeleira sobre o feno Afoga o coração vermelho (...)
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não é preciso muito cão para seguir trilha do desejo
"Um fóssil de um dinossauro que viveu há cerca de 230 milhões de anos e, provavelmente, tinha 2,5 metros de comprimento foi encontrado por pesquisadores ligados à Universidade Federal de Santa Maria (UFMS) em um sítio fossilífero localizado no município de São João do Polêsine, interior do Rio Grande do Sul. (...)"
[tv cidade10 - julho 2024]
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não
tenho conta de quantas vezes fiquei olhando pela janela procurando
dinossauros ou então aqueles ptero–qualquer-coisa que voam e gritam
é imagem recorrente procurar, em cenários amplos, essas
criaturas que de tão distantes ficam no imaginário e quase se transformam em
mitos...
ter dinossauro de estimação é bom porque eles demoram pra morrer e, mesmo depois de extintos, ainda continuam vivendo
vivendo e surgindo desde a lama primoridial
hoje gozando debaixo da terra surgem adultos muitas vezes já mortos
Não salto, mas sou carregada Por asas que a gente não tem A luz não me fulmina os olhos Nem vejo bem
[ recanto escuro, caetano, séc 21 ]
nunca ouvi
“recanto escuro” por inteiro.
mas só a voz de gal me fascina então tudo certo. saber que posso ser carregado por asas que eu não tenho é ter certeza de que há o outro. ou algum outro. pronto. pode ser em pele, paina, pó ou no embalo da rede...
nunca ouvi "recanto escuro" por inteiro. a sonoridade e o palavreado criam uma certa energia que procuro evitar. parte dela remete ao tempo da ditadura militar e à vida do compositor da canção, sim, mas não é só isso. nunca atravessei "recanto escuro" até o fim. é um defeito meu ou uma virtude. as imagens de gal são uma compensação, incluindo a capa do disco "índia" lá no século 20 que bem dialoga com "a criação do universo", tela do courbet, século 19. mas não sei se estão preparados para essa conversa. em sala de aula nunca expus o quadro. não sei se meu público não suportaria ou merecereria. nunca ouvi "recanto escuro" por inteiro. "recanto..." é letra do caetano, então a gente ama e tudo fica oceânico, fica um grande mar e nessa gosma do amar é o gel em que escorrego pro fundo e um fundo conhecido mas hoje sem nome porque é bom não precisar dar nome às coisas nem ao desejo feito completado porque sem nome não há memória, então não se sofre se não há memória; sem nome não preciso desse jorro falso
que misturo com sangue.
"tudo que move é sagrado" é o primeiro verso da canção "amor de índio", parceria com ronaldo bastos,
olha: tudo que move é sagrado e remove as montanhas com todo cuidado, meu amor enquanto a chama arder todo dia te ver passar tudo viver a teu lado com o arco da promessa do azul pintado pra durar
(...)
sim, todo amor é sagrado e o fruto do trabalho é mais que sagrado meu amor a massa que faz o pão vale a luz do seu suor lembra que o sono é sagrado e alimenta de horizontes o tempo acordado de viver
polifonia, discurso indireto livre, prosa poética, narrativa mais lenta que honda civic a álcool, "as meninas" é prosa às vezes verborrágica, revelando quatro moças em ebulição e necessitando encontrar seu próprio espaço. sim, eu disse quatro.
ele é o autor deste verso que está na canção "pedaço de mim" a canção é de 1978, para o show "ópera do malandro"
veja:
Oh, pedaço de mim Oh, metade afastada de mim Leva o teu olhar Que a saudade é o pior tormento É pior do que o esquecimento É pior do que se entrevar
Oh, pedaço de mim Oh, metade exilada de mim Leva os teus sinais Que a saudade dói como um barco Que aos poucos descreve um arco E evita atracar no cais
Oh, pedaço de mim Oh, metade arrancada de mim Leva o vulto teu Que a saudade é o revés de um parto A saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu (...)
. . . . . . . . . .
saudade é o revés de um parto parto e você, do que está grávido(a)?
no poema "evocação de recife", do
pernambucano manuel bandeira, lemos que uma das preocupações do poeta é com a
possível mudança no nome de uma rua, como a do "sol" para,
possivelmente, "dr. fulano de tal". uma das ruas mais movimentadas da
cidade de são paulo (e talvez a maior, em extensão), chama-se "alcântara
machado", apenas conhecida pelo apelido : radial leste. alcântara, para
quem não sabe, foi contemporâneo de bandeira, lá pelos anos 1920 e 1930, escreveu, dentre outros, "brás, bexiga e barra funda",
crônicas divertidas que ele mesmo quis chamar de "notícias", cujo
tema é a imigração italiana. dar nome a ruas, avenidas ou praças não é tarefa
difícil. gente importante não falta. o estádio do são paulo futebol clube é o "cícero",
mas todo mundo conhece por morumbi. ou, hoje, com nome de chocolatinho. o maracanã, no rio maravilha, tem nome :
mário filho (irmão de nélson rodrigues), por acaso, escritor também, como
alcântara. engraçado, nome de estádio batizado no meio literário. futebol e
poesia sempre deram samba. sócrates (1954-2011), destaque do corínthians e da
seleção brasileira, não tem homanagem marcante em ribeirão preto, no
estádio em que se projetou, o "santa cruz", que é do botafogo. por
outro lado, médico por formação, não seria de todo mal que alguma rua se chamasse não "dr.
fulano de tal", mas dr. sócrates.
A bunda, que engraçada. Está sempre sorrindo, nunca é trágica.
Não lhe importa o que vai pela frente do corpo. A bunda basta-se. Existe algo mais? Talvez os seios. Ora — murmura a bunda — esses garotos ainda lhes falta muito que estudar.
A bunda são duas luas gêmeas em rotundo meneio. Anda por si na cadência mimosa, no milagre de ser duas em uma, plenamente. A bunda se diverte por conta própria. E ama. Na cama agita-se.
Montanhas avolumam-se, descem. Ondas batendo
numa praia infinita.
Lá vai sorrindo a bunda.
Vai feliz na carícia de ser e balançar. Esferas harmoniosas sobre o caos.
A bunda é a bunda, redunda.
[ c. drummond de andrade, "amor natural", 1992 ]
. . . . . . . . . .
drummond pediu que sua coletânea de poesias sensuais ou supostamente eróticas fossem publicadas depois de sua morte. e assim se fez. aqui, é bunda sobre o caos. bunda montanha e sinuousa, a bunda não se desculpa. ela vai. porque a bunda é alegre, do ponto de vista do outro.
bunda é sonoro plenoasmo. é onomatopeia de desejo, talvez. para uma bunda platônica é preciso outra bem próxima
bunda não precisa explicação
bunda é
pedido de bunda não se nega
bunda é exploração do olhar
bun
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[ "psiquê reanimada pelo beijo de amor", canova, 1787-93 ]
[ "centauro enlaçando uma ninfa”, tobias sergel, 1778 ]
hoje, 2025, são milhares de seres humanos que usam inteligência artificial para conversas aleatórias e distração. essas milhares de pessoas chamam isso de terapia. não é. muita gente para na frente da tela e digita partes de sua vida e busca interação com o que chamam "inteligência". só que não.
os modelos de linguagem digital são alimentados por gente que cria e reforça dilemas psíquicos. ou seja, as inteligências artificiais usadas para cuidados com saúde mental são um erro profundo. é tratar doença com o aquilo que causa a doença. pedro paulo bicalho, do conselho federal de psicologia já alertou para a questão. é grave. essa história de suposta trapia com inteligência artificial é o que se chama de brian rot, hoje em dia. ou seja, a podridão mental causada pelo consumo excessivo de conteúdos digitais. a situação é bizarra, pois parte do conjunto de coisas que detonam saúde mental de pessoas é usada como terapia! não dá! o poste mijou no cachorro!
a cultura da conversa on line e a chance de interagir com essa plataforma (i.a.) 24h por dia, 7 dias por semana, encobre o que um terapeuta humano pode fazer pelo analisado. é estupidamente tentador. mas é estúpido. e muito grave.
no livro "felicidade", gianetti expõe que no século 18, o período iluminista apresentava uma equação que pressupunha uma harmonia entre a busca da felicidade e o progresso da civilização.
não é de hoje que se tem como senso comum que mais conforto material pode gerar melhoria nas ansiedades e até mais longevidade. o romance "a cidade e as serras" (séc 19) do eça de queiroz, vai na mesma linha, quando resume a felicidade ao grau de civilidade de uma pessoa. no final do livro, a teoria é mudada, mas fica o registro de um senso comum à época de eça: civilização é tudo. hoje, por onde houver um estudante de classe média fazendo vestibular, país afora, saberemos que a busca é por um curso que "dê dinheiro". nenhum curso dá dinheiro, a gente sabe, mas essa ideia é a cenoura na frente do cavalo. é a busca de uma felicidade que despreza o lado humano da coisa. e o que nasce primeiro : a busca de felicidade ou a do dinheiro ?
filmes feitos por inteligência artificial vão decretando o fim do vídeo como recurso argumentativo para expor realidade. adeus documentários; adeus jornalismo investigativo ou mesmo para publicidade... tudo pode ser revertido, desdito e recriado ao gosto do freguês.
perigoso e cruel, esse recurso -- a (suposta) inteligência artificial -- cria multiversos com raro detalhe e, no visual, comparam-se a uma realidade, de fato. são figuras mitológicas conversando, animais cometendo toda sorte de sandice humana, pessoas famosas falando besteira e por aí vai. por isso, escola!
então, hitler não se rendeu e morou na argentina? joão paulo segundo não sofreu atentado e atirou em si mesmo? palestinos estão recusando ajuda humanitária? presidente geisel era de esquerda? ... todas as mentiras que escrevi neste parágrafo podem se tornar imagens límpidas e, claro, dar munição a insensatos.
por isso, escola. educar. aprender. conviver. argumentar. acolher e exercitar cidadania. deve haver mais verbos, mas por hoje chega.
cassandre ou cassandra é filha de príamo, rei de troia e tinha a capacidade de fazer profecias
apareceu no livro de homero, "ilíada". era a mais bela das filhas de príamo
aconteceu assim: por recusa a se envolver com apolo é amaldiçada por ele que a fez ter o dom de profecias mas ninguém acreditaria nela por isso, na obra de fichet, acima, o gesto escolhido é muito rico
perguntas de conhecimentos gerais com quatro (4) alternativas em que se buscou um nível de dificuldade próximo a quem estuda no ensino fundamental 2, algo entre o 6o. e o 9o. ano.
por quê ?
nesse período da vida escolar, fundamentam-se alguns valores importantes, como a preservação da natureza, a importância da arte e a vida em sociedade.
como funciona o jogo ?
numa página do livro, aparecem a pergunta e as alternativas. é preciso descobrir qual delas é a única que responde à pergunta feita. quem tem o livro em mãos pergunta para uma ou mais pessoas, de preferência jovens. pode-se estabelecer um tempo para responder ou até alguma pontuação para o acerto. na página seguinte está a resposta, acrescida de uma curiosidade e, por vezes, uma proposta de pesquisa.
. . . . . . . . . .
veja um exemplo do livro:
Ave facilmente reconhecida pelo canto e parece
dizer seu nome quando vocaliza. Ela apresenta faixa branca sobre os olhos. Quem
é?
a) sabiá
b) bem-te-vi
c) rolinha
d) pica-pau
. . . . . . . . . .
[ na página seguinte do livro ]
Resposta: b) bem-te-vi
Curiosidade:
O bem-te-vi é muito comum em áreas urbanas e rurais do Brasil. Ele recebe
esse nome por conta do seu canto, que soa como “bem-te-vi”. Além de seu canto
marcante, tem uma faixa branca característica na cabeça e o peito amarelo
vibrante.
Desafio !
Você consegue visualizar, em um dia,
mais de cinco espécies diferentes de aves? Quais as aves típicas que vivem em sua cidade ou bairro?
Podemos fazer um competição, em um
parque, na praça ou mesmo no quarteirão onde mora : quem consegue ver o maior
número de pássaros em menor tempo!
caminho de pedras - romance, 1937 rachel de queiroz (1910 fortaleza - 2003 rio de janeiro)
na década de 1930 ligou-se ao partido comunista. a ideia era combater o varguismo e suas posturas antidemocráticas. foi presa. teve livros queimados em praça pública, assim como jorge amado, na mesma década. na cadeia, escreve "caminho de pedras".
sempre é bom lembrar que rachel -- apesar desse enfrentamento à era vargas -- apoiou o golpe militar de 1964 e deixa isso claro em algumas entrevistas, incluindo o famoso "roda viva", tv cultura, em que discute com caio fernando abreu a esse respeito.
voltando ao "caminho de pedras". o enredo: fortaleza. roberto está de volta à cidade, dez anos depois. enquanto espera alguém, em um café, olha para a rua tentando reconhecer a cidade de antes de sua partida.
Roberto sentou-se melancolicamente à banca do café. O balanço do mar ainda Ihe ecoava doloroso na à cabeça. Esperava alguém. O sol queimava nas calçadas, (...) A pequena que servia os sorvetes, detrás do balcão de zinco, suava, e o batom empastado dos lábios derretia-se manchando-lhe os dentes. Roberto procurava reconhecer na cidade, no povo, nas mulheres, a sua velha Fortaleza de há dez anos. Mas o que via era novo, diverso, ninguém o reconhecia, nem ele reconhecia nada.
um operário se aproxima e conversa com roberto. não diz seu nome. roberto diz que buscará trabalho em algum jornal da cidade. o operário afirma que irá apresentá-lo ao grupo, à noite. o plano todo era implantar uma célula comunista na cidade e roberto faria parte disso. em fortaleza, já havia o "bloco", também de teor comunista.
no início do capítulo 6, por exemplo, preto vinte-e-um passa por roberto e faz questão e não cumprimentá-lo, pois um é proletário e o outro intelectual. havia uma combinação entre eles cuja orientação era não se reconheceram, na rua, operários e intelectuais. neste cap 6, samuel (judeu), filipe, paulino e nascimento (revisor do jornal "gazeta") estão numa praça conversando sobre a chance de conseguir mais mulheres fazendo uma revolução social. nascimento diz que é um direito ter boas mulheres -- como a que viram num cartaz de cinema. o que se tem, nesta cena, é a noção de que mulheres bonitas são para ricos, os da elite. e, para os pobres, nada. logo, o movimento social poderia servir para que eles -- os comunistas -- fossem vistos como pessoas interessantes, pelas mulheres, uma vez que estariam no poder. nascimento reclama que enquanto mulheres estão na rua, buscando homens, ele não é reconhecido e acaba mesmo é indo em grupo de homens para reuniões políticas.
Repetiam
toda hora os “camaradas”, afetavam uma simplicidade excessiva, que chocava os
outros, os “de tamancos”, cheios de preconceitos e convenções. Pois a
simplicidade, longe de ser um atributo dos humildes, é um artifício de
requintados que a plebe desconhece. Depressa essa diferença cavou divergências.
Os “tamancos” entraram a hostilizar os “gravatas”, a “desmascará-los”, a exigir
que se proletarizassem. O preto Vinte-e-Um chefiava a “esquerda”, e os
“gravatas” se fechavam num círculo aristocrático, que chegava a incluir o
próprio Filipe, expulso do meio dos obreiros por “intelectual” e por “burguês”.
roberto conhece noemi, o marido joão jaques e o filho guri. com o menino, roberto é amável e até brinca com ele. apesar de roberto ser um destaque, a personagem importante, aqui, é noemi. ela é ativa na política, quer aprender, conhecer mais a realidade e conta com apoio de roberto, mas não do marido.
após conversas com roberto e a própria esposa noemi, joão jaques parte para o rio de janeiro, deixa a família. roberto encontra uma pequena casa, continua trabalhando para a organização. noemi, que há quatro anos trabalhava no estúdio "fotografia", acaba sendo demitida pelo patrão benevides, culpa das censuras dos clientes, ante a vida que noemi escolheu: viver com outro homem. noemi nasceu no acre, é filha do terceiro casamento da mãe. o cerco aos comunistas aumenta. roberto diz a filipe que ele precisa ir embora, pois poderia ser preso. a própria organização convence filipe a partir para russas -- uma cidade do ceará. uma crise de saúde tirou a vida do menino guri. o desespero toma conta de noemi. ela e roberto, numa noite de sábado, enquanto entregavam folhetos, foram presos . ela, solta dois dias depois, uma vez que estava grávida. roberto foi levado para o sul.
ao final, noemi consegue um emprego em uma casa de roupas.
“Pisou em falso numa pedra
solta. Arrimou-se a um muro. (...) Noemi sorriu com a mão no ventre dolorido: -- Mais devagar, companheiro! E voltou a subir a ladeira áspera, devagarinho” [ fim ]