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segunda-feira, 29 de setembro de 2025

a rosa das dores

 


carlos ferber foi meu aluno, tempos atrás. não me esqueço. corria o ano de 2008 e ele estava atento, ouvindo breve comentário que eu fazia, em sala de aula, sobre "rosa", depois de lermos "primeiro motivo da rosa", poemeto singelo da não menos singela cecília meireles. estávamos lendo também "rosa do povo" (drummond) e já havíamos comentado "o nome da rosa" (eco), noutra oportunidade, daí o tema botânico e filosófico se fazer presente. 
conversa vai conversa vem, ferber interfere para contar que a tal flor se mantém mais tempo sem murchar se colocarmos, no vaso com água, um comprimido de aspirina. fiquei pensando quais seriam as dores de uma rosa para que pudesse usufruir de renomado quitute. 

cartola tinha dito que as rosas não falam, mas, pelo jeito, podem ter enxaqueca, daí aqueles espinhos todos, não sei. mas fica a dica do século, caso suas rosas reclamem de dor.

sábado, 2 de janeiro de 2021

aspirina de joão é melhor que um poema?

                                   


já precisei de remédio pra dor. dor de cabeça, muscular, pra melhorar da cirurgia e até pro fígado suportar o que ingeria. também tomei remédio pra gripe, tosse, diarreia, dor de dente, má digestão. o gosto deles não lembro. mas tinham efeitos. geralmente resolviam a coisa.

joão cabral, poeta de nomeada, sofria de enxaqueca e dedicou poema para um comprimido. chama-se "num monumento à aspirina". é até bonito. mas poesia a gente não come, não dilui em água, não dá pra dizer que ela cura totalmente a solidão. pode ocupar determinado tempo, depois a solidão volta. há controvérsias...
e há quem chame a dor da gente de nervosismo. outras dizem que é ansiedade. culpa é nome que serve, vez ou outra. medo é nome comum. depressão já ouvi também. 

  NUM MONUMENTO À ASPIRINA

         João Cabral de Melo Neto

Claramente: o mais prático dos sóis,
o sol de um comprimido de aspirina:
de emprego fácil, portátil e barato,
compacto de sol na lápide sucinta.
Principalmente porque, sol artificial,
que nada limita a funcionar de dia,
que a noite não expulsa, cada noite,
sol imune às leis de meteorologia,
a toda a hora em que se necessita dele
levanta e vem (sempre num claro dia):
acende, para secar a aniagem da alma,
quará-la, em linhos de um meio-dia...

. . . . . .  .  .  .  .  .   .   .   .   .

acho que todo mundo já passou por essa de sofrer solidão, angústia. uns mais, outros menos. remédios existem. alguns são de engolir outros de sentir. mas existem.
poesia pode ajudar. pensei em chamar joão cabral e pedir opinião, consulta. poeta geralmente é bom na palavra. mas joão está morto. está sem dores, eu sei. mas morto. poesia e aspirina. vale a pena comparar uma coisa e outra?


destaques

adeus, meus sonhos

                                 ADEUS, MEUS SONHOS  _  Álvares de Azevedo (1831-52)    Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!    Não levo...

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