votar
como funciona o tal quociente partidário?
e aquele candidato que puxa votos?
assista-nos !
em 1936 sofríamos com getúlio. muita gente sofria: graciliano, paulo emílio, prestes... e muito zé galinha continuava vendendo verdura na rua ou sabonete araxá, no mercado, sem saber das dores dos outros. alguns zé galinhas gravaram disco, fundaram igrejas... enfim... olhem, em 1956 havia presidente novo, o tal jk. era uma esperança, por ser mineiro.
2016, olimpíadas, com dez letras. o mascote foi uma dupla: tom e vinícius, tudo somado dá onze, não seis. por isso, não ganhamos o primeiro lugar. mas também em 2016, juan manuel santo recebeu nobel da paz. manuel tem seis letras.
diz uma lei que cada casa só pode criar três galinhas e cinco pintos de quarenta dias. é muito número. nada do seis. quem fiscaliza os pintos? quem garante que tal pinto tem trinta ou quarenta dias? com seis galinhas a previsão é de mais de cento quarenta ovos ao mês. cento e quarenta. talvez cento e cinquenta dependendo da ansiedade de uma ou outra galinha.
em 2006, eleições coerentes. inácio tem seis letras, geraldo não. mas isso é outra história.
arte : caio gomez
o golpe militar, no brasil, aconteceu em 1964. faz tempo... deposto presidente joão goulart, em primeiro de abril tínhamos novo presidente, agora general. começou um período horripilante em nossa história, com tortura, mortes, censura e o fim do voto direto à presidência, dentre outras privações. a coisa toda durou mais de vinte anos e ainda ecoa. é importante relembrar. é importante tratar do assunto sim, principalmente, na escola. indico os filmes "pra frente brasil" (1983) e "zuzu angel" (2006), para ficar em dois, retratam com maestria o período. agora, há um outro, mais poético – se cabe poesia aqui – é "o ano em que meus pais saíram de férias" (2006), de cao hamburger, cuja narrativa se passa no primeiro semestre de 1970, já no governo médici. parte das filmagens se deu em campinas, são paulo. é o último filme de paulo autran. nele, o jovem mauro, uns oito anos, espera os pais voltarem, foragidos que estão em função da ditadura. duas imensas expectativas se apoderam do garoto: a volta dos pais e poder assistir, pela primeira vez, a seleção masculina de futebol, na copa do mundo, pela televisão. lembrar pelé, tostão, rivellino e companhia, necessariamente, é saudar também outros heróis, anônimos ou não, que morreram ou foram torturados em nome da liberdade civil.
uma saída, no curto prazo para esse caos, existe: eleições.
para legislativo, apoiar grupos políticos cujas pautas sejam pela saúde, o valor à educação, direitos trabalhistas, a natureza preservada e não à violência. por legislativo, entenda-se: deputados estaduais, federais e senado, além, claro de vereadores. parece simples. e é.
quando se lê pelo país a expressão "voto consciente", pode-se perguntar: consciente de quê? pois bem, consicente da responsabilidade desse gesto, elegendo gestores para o brasil que é pobre. votar em figuras comprometidas com o óbvio: a lista que você leu acima: natureza, saúde, educação etc.
a questão não é a figura individual de cada político (no legislativo), mas sim a qual partido pertence a candidatura. olhem, se o partido tem um hitórico de defesa de direitos humanos, qualquer candidato(a) vai seguir o que o partido ditar.
pesquise, em sua cidade, seu estado, quais partidos (siglas) defendem causas que destacamos acima... anote a sigla (dois números) do partido, guarde. na eleição, procure saber de candidatos e candidatas que pertençam a tal partido e os apoie. vote. participe. só a população muda.
cidade de deus é complexo habitacional, no rio de janeiro, criado para abrigar quem sofria com as enchentes, mas também resolvia, de modo cruel, a questão do inchaço do grande centro.
buscapé e zé pequeno (dadinho) sempre se esbarraram em cidade de deus. ironicamente, um precisou do outro para maior reconhecimento público, via fotografia. mais triste que violento, filme usa de cenas com tomadas em plano infinito, mostrando muitas pessoas, dando um caráter turbulento às cenas o que combina com a personalidade do perssonagem zé pequeno. com direção impecável, o filme mostra a comunidade à mercê dos grupos rivais que ascendem ao poder, no local, pela violência.
mané galinha (seu jorge) é um exemplo típico do determinismo social, uma vez que sai de um trabalho e pula para vida de criminoso no tráfico, por ser vítima da crueldade de zé pequeno, consequentemente, do tráfico. gosto do filme porque não se presta a dividir o mundo entre "bem" e "mal", bandido e mocinho ou propor uma nesga de esperança dentro do enredo, isolando algum personagem mais simpático ou menos malvado. pelas personalidades dos personagens e suas origens sociais, filme de meirelles se aproxima de "bacurau" (dornelles/mendonça). em ambos existe a visão da exploração vertical da elite branca sobre pardos e pretos de subúrbio. a fotgrafia, inclusive, está presente em ambos: nas mãos e olhares de buscapé e, no caso de "bacurau", nas paredes do museu, no desfecho da trama.
o caráter documental da
história de "cidade de deus", além da movimentação de câmera e a violência dão o tom dinâmico ao filme que, parcialmente narrado por buscapé quase o deixa lírico, mas
sei que pode ser exagero.
NOTAS - -
Recebeu 4
indicações ao Oscar, nas categorias: Melhor Diretor, Melhor Roteiro
Adaptado, Melhor Montagem e Melhor Fotografia.
- Recebeu uma indicação ao Globo de Ouro, categoria de Melhor Filme
Estrangeiro.
- Ganhou o BAFTA
de Melhor Edição, além de ter sido indicado na categoria de Melhor Filme
Estrangeiro.
- Recebeu uma
indicação ao Independent Spirit Awards, na categoria de Melhor Filme
Estrangeiro.
- Ganhou 9
prêmios no Festival de Havana, nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor
Ator (dividido entre Matheus Nachtergaele, Seu Jorge, Alexandre Rodrigues,
Leandro Firmino da Hora, Philippe Haagensen, Johnathan Haagensen e Douglas
Silva), Prêmio da Universidade de Havana, Melhor Fotografia, Melhor Edição,
Prêmio FIPRESCI, Prêmio OCIC, Prêmio da Associação de Imprensa Cubana e Prêmio
Grand Coral.
- Ganhou 6
prêmios no Grande Prêmio Cinema Brasil, nas categorias: Melhor Filme,
Melhor Diretor, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Montagem, Melhor Som e Melhor
Fotografia. Recebeu ainda outras 10 indicações, nas seguintes categorias: Melhor
Ator (Leandro Firmino da Hora), Melhor Atriz (Roberta Rodrigues), Melhor Ator
Coadjuvante (Douglas Silva e Jonathan Haagensen), Melhor Atriz Coadjuvante
(Alice Braga e Graziella Moretto), Melhor Figurino, Melhor Maquiagem, Melhor
Trilha Sonora e Melhor Direção de Arte.
- Grande parte do
elenco de Cidade de Deus foi escolhido entre garotos que vivem em
diversas comunidades e favelas do Rio de Janeiro e que não tinham tido até
aquele momento nenhum contato com a arte de atuar. Para fazer esta seleção
foram realizadas mais de 2000 entrevistas.
PERGUNTA-SE NESTE PROBLEMA, QUAL É MAIOR, SE O BEM PERDIDO NA POSSE OU O QUE SE PERDE ANTES DE SE LOGRAR? DEFENDE O BEM JÁ POSSUÍDO
Quem perde o bem que teve possuído,
A morte não dilate ao banimento,
Que esta dor, esta mágoa, este tormento
Não pode ter tormento parecido.
Quem perde o bem logrado, tem perdido
O discurso, a razão, o entendimento:
Porque caber não pode em pensamento
esperança de ser restituído
Quanto fosse a esperança alento à vida,
Té nas faltas do bem seria engano
O presumir melhoras desta sorte.
Porque onde falta o bem, é homicida
A memória, que atalha o próprio dano,
O refúgio, que priva a mesma morte.
GREGÓRIO DE MATOS E GUERRA [ séc 17 ]
. . . . . . . . . . . . . . . . .
nota - "atalha": diminui; encurta
"lograr": obter; alcançar
o título pergunta o que seria maior: o bem vivido e perdido ou aquilo que se perde sem ter havido a chance de alcançar. pois lá mesmo, o poeta defende que o problema maior é perder o que se viveu.
na primeira estrofe, enfatiza o poeta que não pode haver tormento parecido com uma perda dessas.
a memória diminuiria o problema, uma vez que resgataria o bem, via pensamento
governo federal ainda não tem um plano de vacinação em massa pra chamar de seu.
quem tem atuado são governadores e prefeituras. além do sus, claro.
as mortes continuam a galope, mesmo com mais de 22 milhões de vacinados, hoje, meio de abril.
o mapa do país é verdadeiro arco-íris, onde se alternam fases vermelhas, roxas, amarelas e por aí vai, uma vez que cada estado buscou seus meios de conter pandemia e vacinar seus habitantes.
sempre é bom lembrar que o governo federal recusou-se a comprar vacinas no final do ano de 2020 por puro capricho do presidente. simples assim. hoje, a tragédia só aumenta.
também há quem não dê a mínima pra isso e continua transitando, distribuindo vírus pelo mundo.
o que está faltando, afinal? é informação? o que é que está faltando?
olhem, muita gente que pode ficar em casa insiste em sair todos os dias, até andar sem máscara ... é revoltante!
quem votou nessa tragédia, lá em 2018, não deve estar conseguindo dormir e isso é o mínimo que espero pra essa gente que sabia sim o que estava fazendo. era para castigar pretos, pobres, comunidade lgbt, mulheres e tudo em nome da família e do tal deus. por quê? porque brasileiro de elite -- e os que pensam que são -- odeiam dividir espaço com outras classes sociais. são egoístas, individulaistas, ignorantes mesmo. houve brasileiro que também aplaudia donald trump, hoje está meio murcho, esperando a banda passar e dizendo que tudo que está aí é culpa do vírus. antes fosse.
minha saúde mental que há alguns anos é quase terreno baldio só se mantém viva porque há minha companheira, terapias e remédio... uma vez que muito do entorno só me deixa submerso na tristeza.
primeira edição de "el libro de los abrazos" é de junho, 1991.
eduardo galeano (1940-2015), uruguaio. tradução do eric nepomuceno.
são textos curtos sobre vivências do eu-personagem, tanto pelas américas, como pela europa e dentro de si.
no espeço à dedicatória, lemos :
" Recordar: Do latim re-cordis tornar a passar
pelo coração. "
e o início é assim:
O mundo
Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas. — O mundo é isso — revelou —. Um montão de gente, um mar de fogueirinhas. Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo. [galeano, eduardo. livro dos abraços]
lembra estilo dos africanos mia couto e valter hugo mãe.
muitos textos tratam do tempo da ditadura militar na américa latina, do qual foi contemporâneo galeano. escreve sobre exilados, indígenas, torturas, arte, censura... outros textos relembram antepassados, aqueles mais antigos na luta pela liberdade e também alegorias do viver em estado de arte e estado de espera para mundo menos rude.
nessa linha, celebra a memória. celebra a necessidade de reconhecer nosso lugar, nossa história latina, deve ser por isso o "abraços", no título. e como são necessários.
vejam :
ADEUS, MEUS SONHOS _ Álvares de Azevedo (1831-52) Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! Não levo...