é outubro, aqui.
pelas escolas, mês de ganhar algum parabéns, ganhar tapinha nas costas e um "vamo-que-vamo"... isso tudo sem menosprezar os remédios.
a classe trabalhista de professores é uma das mais desunidas do país, isso a gente sabe. educadores e educadoras se contentam, até aqui, em pular de prédio em prédio, para dar conta de jornadas exaustivas por semana, em troca de algo em torno de cinco salários mínimos. cinco ou quatro.
não sei, mesmo, porque ainda há quem continue. em 2025, eu ainda sou um desses.
diante de estudantes, estou sempre na tentativa de deixar claro que educação não é informação, que aula não é descrição de fatos... enfim, está cada vez mais difícil. principalmente, no universo da classe média. essa juventude desenvolveu uma capacidade de se encapsular que é notável. ela é filha das gentes que acreditam no fim dos sentimentos ruins e, por isso, a ideia é não sofrer. então, ninguém se expõe. e a vida segue, com estudantes em meio a laudos médicos, terapias, tristeza, solidão, crises de ansiedade... tudo isso antes dos quinze anos de idade.
olhem, para essa juventude é ensinado que o tédio, a decepção ou a crítica, tudo isso é mau. logo, melhor evitar. é uma geração covarde. ia escrever "geração z", desisti.
então, temos sempre isso: professoras e professores tentado valorizar esse espaço privilegiado -- sala de aula -- para discutir a vida, enquanto parte dos estudantes à sua frente está dopada de remedinhos, a outra parte tenta escapar dali em pensamento, enquanto uma miníscula parcela aproveita. e essa minúscula plateia, geralmente composta por no máximo uma pessoa, é que faz tudo valer a pena. mesmo que este ou esta estudante seja fraca nos estudos, seja assertiva demais ou simplesmente olhe para o professor ou professora como quem vê futuro bom, então vale a pena. é o tal "plantar semente".
parabéns, professoras e professores que ainda resistem. vocês estão de parabéns.
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ah, sobre a tal geração citada acima, vai essa tirinha
de @quadrinhosdelavita (instagram), 2025



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