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iniciação - josé paulo paes

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        I N I C I A Ç Ã O Com os olhos tapados pelas minhas mãos, os dois seios de A. tremiam no antegozo e no horror da morte consentida.  De ventosas aferradas à popa transatlântica de B., eu conheci a fúria das borrascas e a combustão dos sóis.   Pelas coxas de C. tive ingresso à imêmore caverna onde o meu desejo ficou preso para sempre nas sombras da parede e no latejar do sangue, realidade última que cega e que ensurdece.             [ prosas seguidas de odes mínimas, j paulo paes ]    . . . . .  .  .  .   .   .    .                nota_               i mêmor e: sem memória texto com pretensão sensual e temperos poéticos. o orgasmo seria essa "morte consentida" ... o que chamavam na frança de "pequena morte", ou seja, o orgasmo era visto assim por franceses e francesas do mundo acadêmico. ...

escolha de túmulo - josé paulo paes - comentário

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                                                        [ j p paes - por osvalter ]           ESCOLHA DE TÚMULO                                José Paulo Paes                                 Mais bien je veus qu'un arbre                              m'ombrage au lieu d'un marbre .  -  R onsar d -   Onde os cavalos do sono   batem cascos matinais.   Onde o mundo se entreabre   em casa, pomar e galo.   Onde ao espelho duplicam-se   as anêmonas do pranto.   Onde um lúcido menino   propõe uma nova infância.   Ali repousa o poeta.  ...

canção de exílio - josé paulo paes - comentário

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                                             CANÇÃO DE EXÍLIO                        José Paulo Paes [1926 - 98]   Um dia segui viagem   sem olhar sobre o meu ombro.   Não vi terras de passagem   Não vi glórias nem escombros.   Guardei no fundo da mala   um raminho de alecrim.     Apaguei a luz da sala   que ainda brilhava por mim.   Fechei a porta da rua   a chave joguei no mar.   Andei tanto nesta rua   que já não sei mais voltar .     [in " prosas seguidas de odes mínimas ", cia das letras ]   . . . . . . . . .  .  .  .  .  .  .   .   .    . poema paródia do adocicado "canção do exílio", gonçalves dias, 1843. aqui, século 20, ao contrário das boas expectativas no citado po...

repórter do século: homenagem da globo a josé hamilton comove até pedra

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  conheci josé hamilton ribeiro entre 1978 e 79. ele estava em forma de papel. era um livro: "pantanal amor baguá" que ele escrevera e eu precisava ler para prova de português, lá na sétima ou oitava série.  adorei o livro. tempos depois, ainda século 20, na espera das corridas de fórmula 1, ligava a rede globo e via boa parte do "globo rural". era ele. numa canoa, numa trilha, de balão, no meio de milharal, atrás de arbusto, em cima de cavalo, simulando caça de onça, explicando procedimentos de plantio e colheita, sempre com um texto sóbrio, expondo várias frentes, dentro do tema específico do programa. josé hamilton revelava, em suas reportagens, lado social do tema que tratava, o lado da natureza, as questões econômicas e sempre com algum humor. hoje, não só a rede globo aberta passou especial sobre a carreira do repórter-escritor, como o canal globonews. se você tem o aplicativo globoplay, acesse. é uma aula de jornalismo o que se vê no panorama de trabalho de j...

ensaio da visão: bandeira, magritte e saramago

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                                                                             [ the lovers - magritte ] falei com meus alunos a respeito de "ensaio sobre a cegueira", saramago. gosto do livro, feito no final do século 20, traz visão sombria do desconhecimento que cada um tem de si mesmo.  lembro duas coisas singelas e pesadas, nessa história de arte e organismos. "the lovers", renne magritte e "a virgem maria", manuel bandeira. embora magritte tenha falecido em 1967 e bandeira no ano seguinte, são estradas marcantes desse olhar preso. a tela do belga é aparentemente simples, um casal com os rostos cobertos por pano branco. nos versos do pernambucano, a cobertura é outra... o poema de manuel bandeira é assim:              A VIRGEM MARIA O oficial...

carlos henrique carneiro - quem sou

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                                  ribeirão preto, 1970 (ou 71)                               foto:  eu olhando através da parede rumo a outros mundos,  à direita, de relógio, irmão renato carlos henrique carneiro      ribeirão preto, 1964 1965: completa um ano de vida, na rua amazonas, ribeirão preto. nada se lembra do fato. 1967: morre guimarães rosa. não fica sabendo. 1968: pai trabalha com venda de terrenos, ribeirão preto.                                            o pai, josé, provavelmente 1963, rib preto 1970: assiste copa do mundo de futebol, cinco anos e uns meses de idade, e se assusta com o estouro de fogos de artifício pela rua. 1972: começa na escola estadual guim...