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a bunda - carlos drummond de andrade

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  [ vênus calipígia, séc II a.c ]            A  BUNDA    A bunda, que engraçada.    Está sempre sorrindo, nunca é trágica.    Não lhe importa o que vai    pela frente do corpo. A bunda basta-se.    Existe algo mais? Talvez os seios.   Ora — murmura a bunda — esses garotos   ainda lhes falta muito que estudar.   A bunda são duas luas gêmeas   em rotundo meneio. Anda por si   na cadência mimosa, no milagre   de ser duas em uma, plenamente.   A bunda se diverte   por conta própria. E ama.   Na cama agita-se.   Montanhas  avolumam-se, descem.  Ondas batendo   numa praia infinita.   Lá vai sorrindo a bunda.    Vai feliz   na carícia de ser e balançar.   Esferas harmoniosas sobre o caos.   A bunda é a bunda,   redunda.       [ c. drummond de andrade, " amor natural ", 1992 ]   . ...

samaritana - olavo bilac - soneto

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soneto decassílabo. poeta faz paródia de uma passagem bíblica, em que jesus cristo, perto de um poço, pede água para uma moça de samaria, a samaritana.  aqui, o apelo erótico toma a frente, na mensagem que é lírica. repare que a mulher é marcada como diferente da original bíblica: ela é um contraste, diz o verso 9 o poeta, depois de beber da "fonte eterna" ( eufemismo! metáfora boa! ) se diz envenenado... e até arrependido... de tão bom que deve ter sido. certeza.                      .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .  .   .   .   . SAMARITANA Numa volta de estrada, em sede insana, Vi-te. Ao lado, a frescura da cisterna. E tinhas a expressão piedosa e terna, Como na Bíblia, da Samaritana. Deste-me de beber. Mas quanto engana, Às vezes, a piedade, e a esmola inferna! Deste-me de beber da fonte eterna, De ond...