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Mostrando postagens com o rótulo vida

fábula do livro falante

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  hoje, o livro nem me esperou levantar:  saltou da estante, sentou na ponta da mesa, soltou: “ vamos falar do que você está adiando? ” tinha um xicrona de café, na outra ponta da mesa, ela tremeu. fiz cara de quem procura açúcar e não acha. o livro riu — e livro que ri é pior do que gente que te conhece bem. " você escreve sobre todo mundo, menos de você. " afastei mais a xícara. tenho medo de virar best seller, logo no primeiro capítulo e ganhar o nobel, respondi, irônico. " precisa admitir que tem medo é do capítulo seguinte. " livros às vezes exageram, mas nunca mentem.

casa

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  setembro, 2025 . voltei a um processo terapêutico, voltei a remédio antidepressivo, voltei. até meados deste ano, 2025, tinha acreditado em avanços e, por algum instante, considerei também que se sentir bem, mentalmente, seria uma senha para abolir medicações que vinha consumindo há tempos... errei. bastou um evento cotidiano pra eu desmoronar em crise de ansiedade e afins. o evento em si é só gota que faltava. pote tava cheio de mágoa e farelos de antigas dores.  voltei. remédio, remédio. a terapia está indo bem. isso é acalanto. o trabalho em sala de aula segue, talvez por inércia, talvez por benevolência de quem me contratou. aposentadoria já veio, porque são 39 anos já, em 2025 nessa toada -- a conta começa em 1986, quando carimbam minha carteira de trabalho. daí que não parei, desde então. estudantes de classe média, aqui ao meu redor, não são mais estudantes, são plateia. assistem. têm pressa, reclamam de tudo, muitos, hoje, vítimas do excesso de telas, desde a primeir...

greve de vida - amèlie

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  há livros que me chamam atenção pela capa, e este é assim : uma menina, de vermelho, sentada na cama, entristecida, diante de uma gaiola com um passarinho igualmente entristecido e vermelho. historinha simples, chamada "greve de vida", de amelie couture . a  garotinha é lucie, de oito anos, está morando com o pai há pouco tempo, desde que sua avó falecera. era esta que cuidava da menina e a educava com carinho. entristecida, ela precisa aprender a conviver com a nova esposa do pai e seu pequeno bebê, luca.  nada a faz sentir-se feliz, daí resolve não mais sair do quarto. faz isso por semanas seguidas, é quase assustador, tendo apenas a companhia de um passarinho em sua gaiola. mas o leitor experiente logo detecta a ponte para o desfecho possível. e não não vou contar aqui porque seria bobagem.  mesmo que você já tenha passado a adolescência, vai se entreter com a novelinha e as ilustrações do marc boutavant. boa leitura.  . . . . .  .   .  ...

vida arteira

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arte concepção: carlos h carneiro via microsoft i.a. (2024) anos atrás, d eixei uma tarefa para os alunos que tinha, na época, ensino médio: assistir ao filme "as horas" (stephen daldry), sobre a escritora inglesa virginia woolf. em uma das questões pedia-se que respondessem seguinte: qual chance de uma obra de arte mudar a vida de alguém. s erá mesmo que uma obra de arte, quer seja livro, filme, música ou tela pode mudar os rumos de uma pessoa? e ntão, cabe pergunta: por que se faz arte? entretenimento? terapia? fetiche? vingança?  o lhem, acredito que exista arte para que estejamos em contato com outra realidade. ver a vida, pelo menos, por outro viés. algo como recriar as coisas, os tons, as cores. e mais: diversão e geração de emprego são dois valores de que gosto, quando o tema é a arte. educação política também serve, mas não creio que toda obra de arte deva ser como "vidas secas" (ramos) ou "os miseráveis" (hugo), ou seja, um libelo contra a opressã...

quando a morte etc

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                                                              [ moon & ba ] a idade chega e a gente acaba pensando o que é morrer de fato; o que é esse fim, quando vai ser, essas coisas. acho que sempre pensei na morte, mas, ultimamente, com mais regularidade. é da vida pensar na morte, então acostuma-se. deve ser a idade.  tenho pesadelos que passam por isso, essa coisa de achar que vai morrer. tenho pesadelos, desde que me conheço por gente, acordo ofegante. me foi sugerido que talvez sofresse de apneia. é possível. já sofro de tanta coisa, mais uma não faz diferença. talvez devesse buscar solução específica. eufemismo. isso mesmo, "solução específica" é um eufemismo pra "fim". se não sabe o que é "eufemismo", mexa-se, não vou explicar agora. aliás, me mexi, nesses últimos anos, buscando alguma harmonia física e mental, ...

eu mandava ladrilhar

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no dia 25 de março de 1824 deu-se a primeira constituição do país independente. em 1865, sobre uma parte do rio tamanduateí, estava uma rua que ganharia este nome, com número e mês, 25 de março. o rio que corria sob a rua, se me permitem a má poesia, se converteu em mar de gente. hoje, poucos se lembram do que aconteceu neste dia, em 1824 ou 1865. o que importa é essa turba de humanos que se espreme, que se compra, que se vende na rua mais movimentada de s. paulo .