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uns vendem, outros dão

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                                        [ a vendedora de amores, j. vien, séc 18 ] vem do século 18 a tela de joseph vien, "a vendedora de amores ", em que uma moça, humilde, ajoelha-se numa rica sala, diante de figura nobre e sua acompanhante. a singela vendedora tira de uma cesta um míni-bebê, pela asa, sob o olhar embaçado da provável compradora. não é um anjinho, vou avisando. trata-se de representação do filho de vênus, o cupido. o nome "amor", no plural, indica tudo. amor, cupido. olhem, o mercantilismo iria se transformar no capitalismo, já sabem e era importante marcar posição através daquilo que o dinheiro pudesse comprar. os amores, na cesta, são novos, gordinhos, parecem inofensivos. talvez sejam. a questão é o motivo que leva à compra. as figuras femininas, na cena, irão usar a compra juntas? comprarão um amor para cada uma?... é para presente?... fiquem à vontade. em francês...

o caminho da arte

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  já fui um quadro empoeirado, esquecido na parede rachada de um casarão mofado. se bem que não era exatamente um casarão, porque não havia capelinha no quintal, nem piano dentro da sala. era só um terreno grande, piso de tijolo, coberto de telhas marrons. muita gente morou ali. gerações de plantadores de cana, pescadores, donos de supermercado, um casal de encantadores de serpente aposentados, um youtuber com depressão e duas bailarinas cegas. todos entraram, saíram, mas eu fiquei. quadro. parede, preguinho, pó. fiquei. ninguém sabia quem me pintara nem o que exatamente eu retratava porque, aliás, mudava o tempo todo. pela manhã, aparecia um rosto deformado; à tarde, um campo florido; à noite, um bicho esquisito querendo sair de dentro da tela, como se o óleo ainda estivesse fresco. a moldura era circular o que facilitava a crença em supostas mudanças na imagem. diziam que quem passava tempo demais olhando para mim começava a ouvir sussurros, ou, pior, enxergar partes de si mesmo ...

para viver um grande quadro

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                                    [Vinícius de Moraes, 1938 – óleo –  56 x 47 cm  - Portinari]                             [Maria L Proença, 1938 – óleo –  60 x 73 cm  - Portinari]   durante muito tempo, não soube que cândido portinari tinha feito retrato do poetinha. e ainda jovem. folheando "para viver um grande amor", do vinícius, achei uma crônica em que ele reclama com a filha susana, a posse do quadro. ela, prestes a casar-se, levaria consigo a peça de portinari. a questão era coerente: a nova namorada de vinícius (futura esposa) tinha sido também retratada por portinari: maria lúcia proença. o traço do pintor traz uma sobriedade que talvez não combinasse com ele, mas quem sabe do que se passa em mente de artista? se susana devolveu-lhe o quadro, não sei. só garanto que tenho um tanto ...

pesadelo em pablo picasso

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                                                                          [ pablo picasso, 1939 ] todo mundo tem pesadelos. se não teve, terá. é o mal de quem dorme. a "divina comédia", de dante, é toda construída assim, a partir de sonos intranquilos, em sua primeira parte. o início de "a metamorfose", de kafka, é crucial para essa ideia de que pesadelos são fonte de literatura. e já leu "frankenstein"? quando tinha pesadelos, eu conseguia guardar alguns, dentro de potes de plástico -- desses de maionese --, também em livros ou mesmo dentro caixas velhas de óculos. ultimamente, uso duas gavetonas, sob a cama. quando estou sem sono, olho pra elas, bato com o nó dos dedos sobre a madeira, daí espero ansioso a resposta... até dormir aos sobressaltos de cansaço. picasso, fez um quadro  supost...

retirantes e refugiados

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"retirantes" é quadro bem marcante de cândido portinari, século 20. há mais água pelos olhos da menina do que no sertão. mas é sabido que a falta de chuva não é o principal problema ai. leia, com tempo, o curtíssimo é pontiagudo "urubu mobilizado", de joão cabral de melo neto. tão marcante quanto. se puder, veja-me :