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quarta-feira, 16 de julho de 2025

se esta rua fosse minha

 



no poema "evocação de recife", do pernambucano manuel bandeira, lemos que uma das preocupações do poeta é com a possível mudança no nome de uma rua, como a do "sol" para, possivelmente, "dr. fulano de tal".
uma das ruas mais movimentadas da cidade de são paulo (e talvez a maior, em extensão), chama-se "alcântara machado", apenas conhecida pelo apelido : radial leste. alcântara, para quem não sabe, foi contemporâneo de bandeira, lá pelos anos 1920 e 1930, escreveu, dentre outros, "brás, bexiga e barra funda", crônicas divertidas que ele mesmo quis chamar de "notícias", cujo tema é a imigração italiana.
dar nome a ruas, avenidas ou praças não é tarefa difícil. gente importante não falta. o estádio do são paulo futebol clube é o "cícero", mas todo mundo conhece por morumbi. ou, hoje, com nome de chocolatinho.
o maracanã, no rio maravilha, tem nome : mário filho (irmão de nélson rodrigues), por acaso, escritor também, como alcântara. engraçado, nome de estádio batizado no meio literário. futebol e poesia sempre deram samba.
sócrates (1954-2011), destaque do corínthians e da seleção brasileira, não tem homanagem marcante em ribeirão preto, no estádio em que se projetou, o "santa cruz", que é do botafogo. por outro lado, médico por formação, não seria de todo mal que alguma rua se chamasse  não "dr. fulano de tal", mas dr. sócrates.


segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

desempregado tenta vender poesia no semáforo mas não consegue


professor desempregado tenta recitar poesia na rua mas não dá tempo

"dura muito pouco o vermelho", disse ele.

a saga do professor sem emprego em conseguir uns trocados é épica, se permitem redundância.
domingo passado, ele tentou ler "morte do leiteiro", de carlos drummond, mas nunca consegue terminar a leitura. o sinal abre e os carros partem sem lhe entregar uma moeda.

"drummond é perfeito pra esse tipo de situação porque é simplesinho."

"um dia, recebi dois reais antes de começar a leitura", ele conta entre risos.

"é drummond?" perguntou a motorista.
eu disse "é".

ela sacou dois reais da bolsa e:
"recita não! prefiro cheiro de óleo diesel". aceitei.

numa tarde meio chuvosa arrisquei recitar "navio negreiro", do castro alves. pessoal parecia não entender. alguns suspiravam aliviados quando o sinal abria.
"vou arriscar ana cristina cesar, de repente dá tempo", afirma o professor, já correndo pra um honda civic








sábado, 25 de março de 2017

eu mandava ladrilhar








no dia 25 de março de 1824 deu-se a primeira constituição do país independente. em 1865, sobre uma parte do rio tamanduateí, estava uma rua que ganharia este nome, com número e mês, 25 de março. o rio que corria sob a rua, se me permitem a má poesia, se converteu em mar de gente.
hoje, poucos se lembram do que aconteceu neste dia, em 1824 ou 1865.
o que importa é essa turba de humanos que se espreme, que se compra, que se vende na rua mais movimentada de s. paulo.

destaques

as meninas - lygia f telles

  "as meninas" 1973  lygia f telles polifonia, discurso indireto livre, prosa poética, narrativa mais lenta que honda civic a álco...

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