Postagens

Mostrando postagens com o rótulo rua

se esta rua fosse minha

Imagem
  no poema "evocação de recife", do pernambucano manuel bandeira, lemos que uma das preocupações do poeta é com a possível mudança no nome de uma rua, como a do "sol" para, possivelmente, "dr. fulano de tal". uma das ruas mais movimentadas da cidade de são paulo (e talvez a maior, em extensão), chama-se "alcântara machado", apenas conhecida pelo apelido : radial leste. alcântara, para quem não sabe, foi contemporâneo de bandeira, lá pelos anos 1920 e 1930, escreveu, dentre outros, "brás, bexiga e barra funda", crônicas divertidas que ele mesmo quis chamar de "notícias", cujo tema é a imigração italiana. dar nome a ruas, avenidas ou praças não é tarefa difícil. gente importante não falta. o estádio do são paulo futebol clube é o "cícero", mas todo mundo conhece por morumbi. ou, hoje, com nome de chocolatinho. o maracanã, no rio maravilha, tem nome : mário filho (irmão de nélson rodrigues), por acaso, escritor também, ...

desempregado tenta vender poesia no semáforo mas não consegue

Imagem
professor desempregado tenta recitar poesia na rua mas não dá tempo " dura muito pouco o vermelho ", disse ele. a saga do professor sem emprego em conseguir uns trocados é épica, se permitem redundância. domingo passado, ele tentou ler " morte do leiteiro ", de carlos drummond, mas nunca consegue terminar a leitura. o sinal abre e os carros partem sem lhe entregar uma moeda. " drummond é perfeito pra esse tipo de situação porque é simplesinho ." " um dia, recebi dois reais antes de começar a leitura", ele conta entre risos. " é drummond ?" perguntou a motorista. eu disse " é ". ela sacou dois reais da bolsa e: " recita não! prefiro cheiro de óleo diesel ". aceitei. numa tarde meio chuvosa arrisquei recitar "navio negreiro", do castro alves. pessoal parecia não entender. alguns suspiravam aliviados quando o sinal abria. " vou arriscar ana cristina cesar, de repente dá tempo ", a...

eu mandava ladrilhar

Imagem
no dia 25 de março de 1824 deu-se a primeira constituição do país independente. em 1865, sobre uma parte do rio tamanduateí, estava uma rua que ganharia este nome, com número e mês, 25 de março. o rio que corria sob a rua, se me permitem a má poesia, se converteu em mar de gente. hoje, poucos se lembram do que aconteceu neste dia, em 1824 ou 1865. o que importa é essa turba de humanos que se espreme, que se compra, que se vende na rua mais movimentada de s. paulo .