domingo, 2 de agosto de 2020
jogo de cartas marcadas - ruy castro #6
jornalista, escritor, respira literatura.
não é dos mais aplaudidos porque fez pouca ficção.
país tem má vontade com quem não é parnasiano ou não se chame drummond.
ruy é escritor.
texto dinâmico e veste a narrativa sem metáforas dispensáveis.
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quinta-feira, 30 de julho de 2020
aulas presenciais não devem voltar em 2020
final de julho, 2020
mortes aumentam, no país, via covid-19.
há mais relaxamento da quarentena.
governantes de toda ordem -- em sua maioria -- não adotaram lockdown. exceções há, como em algumas cidades do ceará e rio grande do sul, dentre outras poucas.
aqui, no sudeste, há movimentação para retorno às aulas em setembro. palavras do governo do estado de são paulo, por exemplo.
dá-se o nome de retorno gradual, assim como o termo rodízio é usado. um número também aparece: 35. trinta e cinco por cento de estudantes, nas salas. posteriormente, na etapa dois, setenta por cento. até cem.
podem usar nomes, números, eufemismos. mas o que se tem é aglomeração sem testes. aglomeração, em tempos de covid, também é conhecida como chance de infecção. morte.
em nome de que essa sanha pelo retorno? há vacina? haverá lockdown no estado todo? testes serão feitos? então, por que voltar?
tudo isso me lembra a moeda de vespasiano.
mas não vou me desgastar explicando isso agora não.
terça-feira, 28 de julho de 2020
duas dores
julho, 28, 2020
hoje, faleceu rodrigo rodrigues, jornalista boa gente, uma referência.
já existe a dor das milhares de mortes que impedem minha respiração ser normal.
agora, esta. a morte, em decorrência do covid-19, do televisivo, midiático rodrigo rodrigues.
duas dores.
já perdi pessoas próximas, como qualquer ser humano, na minha idade. interessante como a gente se projeta em outras figuras da mídia. nem posso dizer que era fã. os fãs perseguem, acompanham fofocas, se vestem igual, imitam, expõem idolatria, é comum. não era isso. era mesmo o prazer de respeitar a felicidade alheia.
esta dor é nítida, desde ascensão do ultra conservadorismo, por aqui, poucos anos atrás. o ódio, os golpes contra a democracia. isso dói.
a morte de rodrigo (chamado "RR") é uma tristeza que precisa servir de ânimo. algum ânimo. é a pandemia? é a vontade de poder abraçar mais minha gente? é meu estado de saúde mental delicado? tudo isso junto, certeza.
humanidade é mesmo necessária. não pode ser só da boca pra fora.
claro que na minha cabeça se houvesse mais controle dessa merda de doença, muitas vidas seriam poupadas... mas eu sei que não é isso que conta, no universo consumista e fascista que se transformaram muitas administrações públicas.
vai passar. uma hora passa.
alguma dor precisa nos mostrar um caminho.
hoje, são duas.
segunda-feira, 27 de julho de 2020
morte de orfeu - olavo bilac
A MORTE DE ORFEU
Houve gemidos no Ebro e no
arvoredo,
Horror nas feras, pranto no
rochedo;
E fugiram as Mênadas,
de medo,
Espantadas da própria maldição.
Luz da Grécia, pontífice de
Apolo,
Orfeu, despedaçada a lira ao
colo,
A carne rota ensanguentando o
solo,
Tombou... E abriu-se em músicas o
chão...
A boca ansiosa um nome disse, um
grito,
Rolando em beijos pelo nome dito:
“Eurídice”, e expirou... Assim
Orfeu,
No último canto, no supremo
brado,
Pelo ódio das mulheres trucidado,
Chorando o amor de uma mulher,
morreu...
[ TARDE - O Bilac ]
. . . . . . . . . . . . . . . . . .
orfeu
- mito ligado à música: buscou
recuperar sua amada morta – eurídice – no hades, mundo dos mortos - - não consegue!
recusando-se
a amar qualquer outra mulher, orfeu
é morto pelas mênadas (bacantes) - - é enterrado
às margens do rio ebro
. . . . . . . . . . . . . . .
está contido no livro "tarde", 1918
descrição espalhafatosa da agonia e morte do mito orfeu
. . . . . . . . . . . . . . .
QUESTÕES PARA ANIMAR SUA AULA:
- por que orfeu era importante, na mitologia?
- a arte de orfeu é necessária, ainda hoje, de que maneira?
- por que o mito músico não conseguiu sucesso na busca de eurídice?
. . . . . . . . . . . . . . . .
os poemas de bilac, em sua maioria, não são feitos para provocar reflexões
o tema clássico dá um caráter supostamente altivo ao texto e, consequentemente, a seu autor. é pouco
saiba mais:
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sexta-feira, 24 de julho de 2020
tarde - sonetos de olavo bilac - resenha
99 sonetos
estilo burocrático
parnasiano
temas ligados à mitologia e alguma virtude humana
confira, neste vídeo abaixo
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terça-feira, 21 de julho de 2020
lá no meu quintal
mapa do brincar pelo país
imperdível
gabriela e marlene!
clica
domingo, 19 de julho de 2020
jogo de cartas marcadas - vieira #5
superestimado por quem não leu e também por quem leu.
é, como camões ou saramago, pilar da literatura portuguesa.
às vezes, acho que ele é mais comentado que lido.
saiba mais!
clica e aprende
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quarta-feira, 15 de julho de 2020
conselho para quem quiser viver na bahia estimado e procurado por todos - gregório de matos
Quem cá quiser viver, seja um gatão,
Infeste
toda a terra, invada os mares,
Seja um Chegay, ou um Gaspar Soares,
E por si terá toda a Relação.
Sobejar-lhe-á na mesa vinho, e pão,
E siga, os que lhe dou, por exemplares,
Que a vida passará sem ter pesares,
Assim como os não tem Pedro de Unhão
Quem cá se quer meter a ser sisudo
Um Gil nunca lhe falta que o persiga,
E é mais aperreado que um cornudo.
Coma, beba, e mais furte e tenha amiga,
Porque o nome d'EI-Rei dá para tudo
A todos, que El-Rei trazem na barriga
Seja um Chegay, ou um Gaspar Soares,
E por si terá toda a Relação.
Sobejar-lhe-á na mesa vinho, e pão,
E siga, os que lhe dou, por exemplares,
Que a vida passará sem ter pesares,
Assim como os não tem Pedro de Unhão
Quem cá se quer meter a ser sisudo
Um Gil nunca lhe falta que o persiga,
E é mais aperreado que um cornudo.
Coma, beba, e mais furte e tenha amiga,
Porque o nome d'EI-Rei dá para tudo
A todos, que El-Rei trazem na barriga
. . . . . . . . . . . . . .
pedro de unhão
salvador,
1690, residia o desembargador pedro de unhão castelo branco; hoje abriga o museu de arte moderna, bahia
gil
provável referência a gil vicente, dramaturgo satírico português - séc 16
chegay
e gaspar
provavelmente, figuras com poder político, em salvador. . . . . . . . . . . . . . . . .
soneto do século 17 faz delação dos vícios da vida política de salvador: aqueles que possuem poder terão conforto, podendo até roubar
por isso, aos que são imorais, nunca faltará um gil que o persiga, ou seja, sempre haverá um escritor satírico a denunciar crimes
gregório é o primeiro escritor que faz denúncia social, na literatura brasileira
gregório é o primeiro escritor que faz denúncia social, na literatura brasileira
segunda-feira, 13 de julho de 2020
sophia de melo breyner andresen - livro sexto
LIVRO SEXTO
sophia de melo breyner andresen [1919 - 2004]
- versos que se referem ao mar, constantemente
- poesia predominantemente lírica
- fez homenagem a fernando pessoa
- buscou o universal dentro da história portuguesa
- século 20
mesmo que fale somente de pedras ou de brisa, a obra do artista vem sempre dizer-nos isso: que não somos apenas animais acossados na luta pela sobrevivência mas que somos, pelo direito natural, herdeiros da liberdade e da dignidade do ser
[sophia - posfácio - livro sexto]
saber mais ?
assista-me
sexta-feira, 10 de julho de 2020
jogo de cartas marcadas - drummond #4
jogo de cartas marcadas sim. o mineiro de itabira escreveu demais, publicou demais, poderia ter sido mais econômico, menos verborrágico. mas cada um, cada um.
tem lá seu "máquina do mundo", bom texto. fez aquele "no meio do caminho", no primeiro livro que o fez popular. nem "áporo" -- seu melhor poema -- é tão comentado quanto esse da pedra. é pouco, convenhamos.
terça-feira, 7 de julho de 2020
ignorância é a verdadeira pandemia
[ dahmer, 2020, folha de s paulo ]
"carpe diem" é expressão comum a quem estuda, nas literaturas latinas, o século 18, principalmente.
a expressão é anterior a isto, diga-se, mas ganhou fama no iluminismo, através da poesia de caráter pastoril, ligada ao viver de modo rústico, na contemplação etc etc. o resto em claudio manuel da costa ou alguns poemas do gonzaga.
neste início de julho, 2020, teve quem usasse esta expressão latina para ir à rua, cometer as aglomerações em bares pelo país, simplesmente porque a vontade mandou e o individualismo consagrou.
desde meados dos anos 1990, população ocidental vendo dando de ombros para instituições seculares como universidades, bibliotecas, parte da imprensa...
pessoas -- já disse noam chomsky -- não creem nos fatos, não acreditam em pessoas, por que iriam repetir que a terra é redonda, que o vírus xis mata, que nazismo é de direita... por quê?
é tenebroso como a ignorância é mãe da violência.
a ignorância é a verdadeira pandemia.
é disso que morremos, cada dia.
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sexta-feira, 3 de julho de 2020
amoras - emicida e as crianças
amoras
emicida e aldo fabrini
vou dizer: não existe livro para crianças, por si só.
existem livros para pessoas experientes, nessa arte, e para quem está iniciando no processo de leitura.
leitura para todas as idades, "amoras" é livro pra ser lido em voz alta.
pode sim, ser lido para uma criança.
garota e um adulto -- provavelmente pai, padrasto, tio ou similar -- passeiam no quintal e este diz a ela que as amoras mais pretinhas são as mais doces. daí, a menina conclui: "sou pretinha também".
com poesia e simplicidade, é feita sugestão para que se conheça zumbi de palmares e martin luher king, além de cassius clay.
vidas pretas importam
amoras
vale a pena
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quarta-feira, 1 de julho de 2020
jogo de cartas marcadas - clarice #3
unanimidade entre críticos e leitores -- um perigo, isso -- clarice é ginástica para o cérebro.
imperdível.
saiber mais? clica e assiste
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domingo, 28 de junho de 2020
junho 2020 - lockdown necessário
junho 2020, últimos dois dias.
perto de 60 mil mortos, no país.
em campinas, mais de sete mil casos, perto de duzentos mortos.
pessoas estão nas ruas. comércio força situação para reabrir.
governos estaduais, municipais e federal não fazem lockdown.
ao contrário, há campanhas para retorno de restaurantes, futebol e até volta às aulas!
por quê? porque governantes, em geral, assumiram compromissos com conglomerados econômicos, não com eleitores. parte da imprensa também.
por que não fazer lockdown e achatar um pouco a curva ascendente de mortes?
... negócios!
há, ainda, quem possa ficar em casa e ache que ir ao açougue, padaria, mercado está tudo bem.
há quem não use máscara para levar o lixo na rua ou o cachorro pra calçada.
há quem ainda apoie o silêncio e a falta de ação de governo federal ao não chamar para si a questão do lockdown.
a falta de educação política e cidadã de muita gente com diploma na parede e função de educador é parte da causa desse horror. educadores de várias áreas que não tratam desse assunto com seus alunos, deixando para professores de história ou português o pacote do assunto.
individualismo é pior do que a burrice. porque, quem não sabe algo, sempre tem a chance de perguntar. já o egoísta, fundamentalista de qualquer ordem, esse é o idiota, é o que atrapalha.
individualismo, ignorância, preconceito e ambição geraram a desgraça de hoje e que, pelo jeito, ainda vai piorar.
já que governantes -- em sua maioria -- não farão movimentos, hoje, para minimizar as contaminações, fique você em casa e discuta sim com quem sai e poderia ficar.
amanhã, pode não haver vida para próxima festa junina.
sexta-feira, 26 de junho de 2020
o que é literatura
literatura é arte com palavras.
pode ser: arte da palavra escrita ou falada.
tudo o que está escrito no universo não pode ser chamado "literatura".
placa de trânsito, bula de remédio, mapas, receita de bolo, notícias da imprensa em geral ou resumo da guerra dos cem anos, nada disso é arte, porque busca um sentido apenas. busca-se a objetividade.
é o tal sentido denotativo das expressões.
literatura é o texto que procura causar estranhamento no leitor ou ouvinte.
o texto -- prosa ou verso -- apresenta mais de um sentido.
é o tal sentido conotativo das expressões.
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terça-feira, 23 de junho de 2020
jogo de cartas marcadas - álvares de azevedo #2
sim, a ideia é fazer uma homenagem a alguns escritores, escritoras... houve quem fosse superestimado... subestimado ou mesmo quase esquecido.
aqui, no jogo das cartas marcadas, vamos mostrar muita gente!
saber mais?
clica para assistir
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sexta-feira, 19 de junho de 2020
campo geral - guimarães rosa
Num círculo, o centro é naturalmente imóvel; mas, se a
circunferência também o fosse, não seria ela senão um centro imenso.
[ epígrafe ]
"manuelzão e miguilim" são duas narrativas que fazer parte do conjunto de textos que rosa chamou "corpo de baile".
para história de miguilim, uma narrativa chamada "campo geral"
na última história (rosa escreve "estória") de "corpo de baile", chamada "buriti", miguilim -- agora miguel -- ressurge, adulto, se casa com glória.
de modo bem resumido, o ciclo que se inicia em "campo geral", com miguel menino, vai se fechar em "buriti".
no meio dessas duas narrativas, há vários outros contos, como "cara de bronze", "recado do morro", "a história de lélio e lina", dentre outras.
"campo geral" - - história que se desenvolve em torno de uma família patriarcal que se desintegra, se desfaz tragicamente.
narração em terceira pessoa, mas o ponto de vista é o de miguilim.
cenário: sertão do mutum (repare que é possível ler o nome de trás pra diante)
três relações são importantes: dito e miguilim; bernardo e nhanina; terêz e nhanina.
pela família, ainda vó izidra, os irmãos liovaldo, tomezim, drelina e chica, além do dito, o preferido de miguilim.
vó izidra contrasta com mãitina, pela religiosidade. a avó é católica e mãitina diziam, ter sido escrava fugida, falava por vezes língua estranha, acreditava em misticismos e, por vezes, se embebedava. é ela quem ajuda miguilim a superar o sofrimento pela morte do dito.
mãitina, pelo perfil, lembra sancha, personagem negra de "a falência", julia lopes.
em meio a pássaros e cães, havia o gato sossõe, cachorra pingo-de-ouro e o papagaio papaco-o-paco, na família.
miguilim era apegado ao irmão dito, mais novo, que morreu de tétano, deixando o irmão triste demais.
o menino alimenta raiva monstruosa do pai. sua mãe o afasta, enviando para morar um tempo com vaqueiro salúz. na volta, está mais carrancudo, nem toma bênção.
pai de miguilim é violento, mata luisaltino e, depois, se enforca.
nesta narrativa, um elemento diferente do meio surge: lourenço, médico, de curvelo, que estava de passagem por causa de uma caçada, na vereda do tipá. ele reparou que miguilim espremia os olhos, então, lhe deu uns óculos e o menino ficou deslumbrado, achando tudo mais claro e bonito.
a frase emblemática, deste final da narrativa é, com posse dos óculos, miguilim diz: "tio terez parece pai".
saber mais ?
assista-me!
quarta-feira, 17 de junho de 2020
jogo de cartas marcadas - fernando pessoa #1
difícil fazer lista, ranking, quando o tema é subjetivo.
mas eu gosto.
e com fernando pessoa, tarefa fica mais simples.
saber mais ?
clica para assistir
segunda-feira, 15 de junho de 2020
preciso ser otimista
difícil ser otimista, neste junho 2020...
píticos, em geral - aqui no estado de são paulo e rio -, são reféns de certo sistema financeiro que o ajudou nas eleições. essa gente tem compromisso com seus caixas e nao com a população. principalmente amais pobre.
difícil ser otimista.
a descrença em instituições como universidades, sistema judicial ou mesmo na natureza a ser preservada, isso traz um caos intelectual sem precedentes.
pessoas comuns descreem da realidade, não enxergam os mortos pelo covid-19, não enxergam importância da quarentena, nada.
desde os fins do século 20, nossa imprensa vem atacando congresso e toda política desmerecendo-a. assim, fica mais simples -- com democracia enfraquecida -- divulgar fatos que só interessassem acerta parcela social, principalmente no quesito consumo fica difícil, hoje, reverter essa tragédia.
difícil ser otimista. mas ainda é possível.
divulguemos notícias de valor científico. mensagens envolvendo a importância da arte. matérias jornalísticas sérias sobre voluntariado, horta comunitária, combate a depressão, empatia ante a violência contra mulher, valor às diferenças (negros, lgbt, índios etc) importância da natureza, mata atlântica, amazônia, cerrado, pantanal, tudo.
preciso ser otimista
sábado, 13 de junho de 2020
ler antes que o mundo acabe - dez livros essenciais
eu e o professor edson fizemos uma lista com dez livros para ler logo!
melhora vida, explica os universos de dentro e fora da gente
confira, veja se ela faz seu tipo
quinta-feira, 11 de junho de 2020
trunfo das letras - o jogo mais esperado
a empresa grow é, até aqui, a detentora dos direitos do jogo de cartas "super trunfo"
há variados temas: carros, países, predadores, heróis de quadrinhos etc
falta o jogo de verdade!
minha ideia -- e isso a grow pode fazer tranquilamente -- é o super trunfo de literatura
aceito parceria para assessorar, dar opinião, notas, categoria
grow! me contrata!
pensei numas cartas, vejam:
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terça-feira, 9 de junho de 2020
mensagem - fernando pessoa
nazaré - portugal - foto do blog
livro contendo 44 poemas de caráter nacionalista, místico e histórico
mensagem é obra de fernando pessoa (ele-mesmo) - ortônimo
título original seria "portugal".
poeta alterou, mas manteve, no novo nome, o mesmo número de letras.
a mensagem, em si, pede que o país cresça e reassuma um espaço de protagonismo, como se viu entre os séculos 15 e 16
O INFANTE
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!
Pessoa - Mensagem 1934
"infante" é aquele que há de ser -- filho de reis mas não diretamente ligado ao trono. o texto, como se sabe, é dedicado a dom henrique, morto em 1460
o texto faz referência á rotunda forma do planeta, uma então novidade, no tempo deste infante. a mágoa reinante no desfecho é similar à que se lê em "mar português", mas bem menos contundente
aqui, neste "infante" parece que a vontade de deus ou o sonho humano se esfarelou. o mar está, deus é, mas portugal carece de bom destino
o fim do império luso, reza a lenda, teria começado com o sumiço de dom sebastião, 1578
como um todo, o livro "mensagem" possui três partes : O Brasão, Mar Português e O Encoberto
messianismo, nacionalismo, sebastianismo, tudo isso em versos que apresentam lirismo sem exageros ... e apontam para história passada do país.
vale a pena!
clique abaixo para saber mais!
sábado, 6 de junho de 2020
união pela educação é sobrevivência do país democrático
converso com estudantes, colegas, nesse mundo da educação.
sou professor de ensino médio e pré-vestibular. em 2021, serão 35 anos em salas de aula. a idade e a diversidade de escolas, me fizeram conhecer muita gente e suas realidades.
para não me alongar: o estudante, no brasil, nunca foi protagonista. o tipo de ensino ainda é estilo jesuítico, ou seja, um fala, os demais escutam e têm de agradecer. quase nunca podem questionar. e o que for diferente disso é exceção.
nesta pandemia, em 2020, fica claro que o jogo virou para o aluno.
o esquema de estudo via internet torna o estudante protagonista porque ele pode, agora sim, decidir por ficar ou não diante da tela que transmite a aula. é dele o controle.
o sistema de interação escola-estudante está capenga. já disse meu amigo joão ardoino que nosso sistema educacional equivale a uma parede mofada. tentamos pintar, mas logo o mofo retorna... precisa limpeza. raspar. começar de novo.
começa por melhorar a aula. não vou cair na armadilha fácil que é criticar a escola simplesmente. isso qualquer um faz. digo priorizar o estudante, durante os anos dele na escola. dialogar.
melhorar a aula não é fazer estratégias mirabolantes, dentro de sala, como se atenção dos alunos (leia-se "silêncio") fosse sinônimo de aprendizado. nada disso. dialogar, propor atividade ligada à comunidade em que se está, permitir que haja movimento físico, que estudantes falem, se organizem para um debate, depoimento, arte, esporte, experiência científica, mesmo que seja apenas ir a um pátio olhar o azul do céu e falar sobre eclipse, pássaros, fotossíntese, terra redonda, o básico.
professor, professora, educadores, precisamos ligar o alerta!
valores passados em sala, ultimamente, não são respeitados mais. por quê? porque são valores que só servem ali, na sala, para a prova da semana seguinte. nada contra as fases da meiose, a terceira lei de newton ou o conceito de barroco. tudo importante. mas e a realidade? o racismo, a cultura indígena, violência contra mulher, a questão do aborto, floresta amazônica, sistema prisional, drogas, como ficam? o respeito às diferenças, comunidade lgbt, como ficam? não é para tratar disso? hoje, 2020, a eugenia em curso: deixar morrer a periferia, onde fica geralmente a população negra. o que têm a dizer professores? nada? falam de trigonometria e a queda do império romano, é isso?...
pedir ajuda, professor, professora! isso melhora relação entre alunos, alunas e o que precisa ser aprendido. não só o sistema de rotação da terra ou a extensão do rio nilo que são importantes, tudo bem. mas há a realidade desse estudante e a do professor que merecem respeito.
quinta-feira, 4 de junho de 2020
o que é conto
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domingo, 31 de maio de 2020
samaritana - olavo bilac - soneto
soneto decassílabo.
poeta faz paródia de uma passagem bíblica, em que jesus cristo, perto de um poço, pede água para uma moça de samaria, a samaritana.
aqui, o apelo erótico toma a frente, na mensagem que é lírica.
repare que a mulher é marcada como diferente da original bíblica: ela é um contraste, diz o verso 9
o poeta, depois de beber da "fonte eterna" (eufemismo! metáfora boa!) se diz envenenado... e até arrependido... de tão bom que deve ter sido.
certeza.
. . . . . . . . . . . . . . . .
SAMARITANA
Numa volta de estrada, em sede
insana,
Vi-te. Ao lado, a frescura da
cisterna.
E tinhas a expressão piedosa e
terna,
Como na Bíblia, da Samaritana.
Deste-me de beber. Mas quanto
engana,
Às vezes, a piedade, e a esmola
inferna!
Deste-me de beber da fonte
eterna,
De onde a torrente dos remorsos
mana.
Com a água que me deste (que
contraste
De ti para a mulher de Samaria!)
A boca e o coração me
envenenaste:
Maior do que o da sede, este
tormento,
Esta ânsia singular, esta agonia
Que é de saudade e de
arrependimento!
Olavo Bilac
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
saiba mais
quinta-feira, 28 de maio de 2020
história da literatura brasileira para quem tem muita pressa
capitu entrou pro bando de riobaldo depois de tomar o alucinógeno da índia tabajara.
juntos, capitu, riobaldo e a cachorra baleia, viajaram pelo país, montados em capivaras.
foram obrigados a parar porque tinha uma pedra no meio do caminho.
ali mesmo, padre anchieta fez o casamento de riobaldo e capitu.
o jesuíta recitou versos em tupi e em português, para irritação de gabriela e marília de dirceu borboleta.
nasceram os filhos dessa relação: maanape, jiguê, macunaíma e leonardo pataca.
eles todos moraram um tempo na favela canindé, no estácio, em porto alegre, salvador, manaus, outra vez no estácio, todos de organdi azul.
segunda-feira, 25 de maio de 2020
leitura para iniciantes
três dicas de leitura para iniciantes
não gosto do termo "criança", "adolescente" quando o assunto é livro
não sei se existe mesmo livro para criança, livro para meninos, livro para jovens...pode ser...
sei que existem livros que precisam de certa experiência de leitura para serem digeridos e outros menos...
aqui vão três dicas para quem quer leituras dinâmicas
leitor menos experiente, bem-vindo a este post
confira abaixo as dicas para cada um
boas leituras!
LUNA CLARA & APOLO ONZE
O GAROTO DO CACHECOL VERMELHO
O FANTASMA DA ÓPERA
sexta-feira, 22 de maio de 2020
anchieta - olavo bilac
outro soneto do livro "tarde", bilac, 1919.
josé de anchieta (1534 - 97) foi, segundo história oficial, o primeiro a fazer poesia, no país, ficção. também publicou estudos sobre a língua tupi.
o padre -- nascido nas ilhas canárias (espanha) -- é comparado a um santo: francisco e também a um mito grego: orfeu
ANCHIETA
Cavaleiro da mística aventura,
Herói cristão! nas provações atrozes
Sonhas, casando a tua voz às vozes
Dos ventos e dos rios na espessura:
Entrando as brenhas, teu amor procura
Os índios, ora filhos, ora algozes,
Aves pela inocência, e onças ferozes
Pela bruteza, na floresta escura.
Semeador de esperanças e quimeras,
Bandeirante de “entradas” mais suaves,
Nos espinhos a carne dilaceras:
E, porque as almas e os sertões desbraves,
Cantas:Orfeu humanizando as feras,
São Francisco de Assis pregando às aves. . . . . . . . . . . . . . . . . . .
as aspas em"entradas" são denunciadoras.
sabe-se que entradas e bandeiras, aqui, foram expedições para expansão do território, busca de minério, aprisionamento de índios, possíveis mortes de quem não queria se converter ao cristianismo, tampouco ser escravo. enfim, na sede de manter limpo o perfil do padre, o poeta coloca aspas na palavra "entrada", mudando um pouco seu sentido original, ou seja, anchieta fez sim parte desse processo que autorizava violência contra os índios, mas foi suave, no mínimo conivente... chamá-lo de "semeador de esperanças", nesse contexto, chega a ser doloroso. mas a ideia é mesmo a idolatria que aproxima o poema do gosto romântico, apesar do estilo ser mesmo parnasiano. ainda segundo o poema, o padre esteve com índios bons (aqueles que aceitavam o catolicismo), teve a pele ferida pelos espinhos da mata (lembra coroa de espinhos sim), então, digamos, sua cumplicidade na violação da vida selvagem estaria compensada.
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