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terça-feira, 7 de outubro de 2025

mês de professor e professora ganharem parabéns

 


é outubro, aqui.
pelas escolas, mês de ganhar algum parabéns, ganhar tapinha nas costas e um "vamo-que-vamo"... isso tudo sem menosprezar os remédios. 

a classe trabalhista de professores é uma das mais desunidas do país, isso a gente sabe. educadores e educadoras se contentam, até aqui, em pular de prédio em prédio, para dar conta de jornadas exaustivas por semana, em troca de algo em torno de cinco salários mínimos. cinco ou quatro.
não sei, mesmo, porque ainda há quem continue. em 2025, eu ainda sou um desses. 
diante de estudantes, estou sempre na tentativa de deixar claro que educação não é informação, que aula não é descrição de fatos... enfim, está cada vez mais difícil. principalmente, no universo da classe média. essa juventude desenvolveu uma capacidade de se encapsular que é notável. ela é filha das gentes que acreditam no fim dos sentimentos ruins e, por isso, a ideia é não sofrer. então,  ninguém se expõe. e a vida segue, com estudantes em meio a laudos médicos, terapias, tristeza, solidão, crises de ansiedade... tudo isso antes dos quinze anos de idade.
olhem, para essa juventude é ensinado que o tédio, a decepção ou a crítica, tudo isso é mau. logo, melhor evitar. é uma geração covarde. ia escrever "geração z", desisti.

então, temos sempre isso: professoras e professores tentado valorizar esse espaço privilegiado -- sala de aula -- para discutir a vida, enquanto parte dos estudantes à sua frente está dopada de remedinhos, a outra parte tenta escapar dali em pensamento, enquanto uma miníscula parcela aproveita. e essa minúscula plateia, geralmente composta por no máximo uma pessoa, é que faz tudo valer a pena. mesmo que este ou esta estudante seja fraca nos estudos, seja assertiva demais ou simplesmente olhe para o professor ou professora como quem vê futuro bom, então vale a pena. é o tal "plantar semente".

parabéns, professoras e professores que ainda resistem. vocês estão de parabéns.

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  ah, sobre a tal geração citada acima, vai essa tirinha
  de @quadrinhosdelavita (instagram), 2025



aqui, charge retirada do site "glamurama.com.br"



quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

proibir celular em sala de aula sem debate é absurdo

 


ideia trazida de um dos países mais conservadores do ocidente -- os estados unidos -- uma bolsa que tranca telefones celulares de estudantes, nas escolas, está em vigor, por aqui. olhem, é tremendo erro proibir celulares sem educar. mas isso é coerente com o ritmo da nossa educação. ela sempre foi conservadora. questões como  bullying, violência contra mulher, respeito à comunidade lgbt ou mesmo o racismo, raramente entram em sala. no máximo, numas postagens em mídia eletrônica ou nas pífias reuniões com professores, antes do ano letivo começar. nossas escolas ainda respiram o ensino jesuítico do brasil colônia e império: professor é autoridade. pune. e ponto.
olhem, vou insistir: não resolve proibir, porque a relação professor-estudante não irá mudar só com isso. é esta relação, aliás, que faz estudantes quererem escapulir daquele ambiente, daquela rotina. por quê? porque a maioria dos assuntos tratados em sala não corresponde à realidade de humanos jovens. há muita erudição, diletantismo, nos currículos. assuntos que fariam sentido para quem já estivesse na universidade. para além de assuntos distantes da realidade, é urgente que outras ações entrem em sala também, como estas que listei acima: bullying; cidadania, política, meio ambiente etc.

pra quem não entendeu: não prego a liberação total de uso dos tais aparelhos durante as aulas, mas sim discutir e argumentar com estudantes por que os aparelhinhos devem ficar na mochila ou desligados. precisa ser simples. muitos educadores não querem este trabalho e preferem apenas proibir. cansa.

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clica pra ver matéria sobre celular proibido na escola 2024

terça-feira, 8 de março de 2022

8 de março é dia de...

 

hoje foi meu primeiro dia, na sala do curso pré-vestibular. teria sido semana passada, mas foi feriado.

é o início do curso de literatura. revisão de tudo, foco nos vestibulares do fim do ano. nada de novo aí.
mas calhou de ser no dia 8 de março a aula. então, abri minha caixa de ferramentas, peguei uma das mais pesadas -- o aborto -- e fui com ela pra sala. mostrei poemas de camões, drummond, até bilac. tirinha do calvin também foi. caminho parecia seguro mesmo.

quando mostrei a letra da iza, "dona de mim", já senti que seria um dia bom. a letra é de resistência, é de protesto e bem combina com esse momento em que a violência contra mulheres continua. foi ótimo ler os versos da cantora e compositora. "eu que fiquei quieta, agora vou falar" (iza).

em seguida, coloquei uns títulos na tela que envolvem a questão da violência contra mulher. primeiro: "semana de arte moderna 1922" -- que remete à exposição de anita malfatti, cinco anos antes e a crítica feroz do lobato. crítica que não seria a mesma se fosse a um homem. etc... etc.. . segundo: "angústia", do graciliano (1936). lá o tema "aborto" é escancarado. num brasil patriarcal movido a fundamentalismo pseudo-religioso, só pode dar nisso: aborto, aqui, é proibido. vai vendo. é proibido porque a masculinidade tóxica e retrô decide sobre o corpo da mulher. e, na aula, disse que o corpo da mulher é da mulher mesmo. a decisão é dela. insisti com os estudantes para que me dissessem o que pensavam do que eu estava mostrando, falando. olhem, fui acolhido, principalmente pelas mulheres, ali. algumas agradeceram por ser uma figura masculina a tocar no assunto tão delicado e do onde muitos outros homens fogem. eu quero poder fazer alguma coisa. dar voz, pelo menos. levantar o assunto, na sala de aula. fiquei comovido, cara de palerma, ainda bem que tava de máscara. mas continuo comovido. e você, professor, professora... até quando vai se calar?

destaques

adeus, meus sonhos

                                 ADEUS, MEUS SONHOS  _  Álvares de Azevedo (1831-52)    Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!    Não levo...

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