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fábula do livro falante

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  hoje, o livro nem me esperou levantar:  saltou da estante, sentou na ponta da mesa, soltou: “ vamos falar do que você está adiando? ” tinha um xicrona de café, na outra ponta da mesa, ela tremeu. fiz cara de quem procura açúcar e não acha. o livro riu — e livro que ri é pior do que gente que te conhece bem. " você escreve sobre todo mundo, menos de você. " afastei mais a xícara. tenho medo de virar best seller, logo no primeiro capítulo e ganhar o nobel, respondi, irônico. " precisa admitir que tem medo é do capítulo seguinte. " livros às vezes exageram, mas nunca mentem.

maria bonita e a borboleta

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                     [maria de déa - 1910-38 - maria bonita, diferente das outras] hoje acordei com uma angústia do tamanho de um mosquito. inútil e inesquecível. aqui da minha bancada vejo, pela janela, bem-te-vis, pombo, gaviões e uma borboleta insolente no vai-e-vem da brisa, insistindo em viver solta sem rumo certo. maria bonita, do livro "uma história de amor e balas" (wagner), saiu da estante, me encarou, perguntando por que eu gostava tanto de fazer drama do lado de dentro da janela. é a borboleta, respondi. o que é que tem? -  continuou ela, passando o facão pra outra mão. ela voa parece que tá sem rumo, diferente das outras.  e por que isso dá angústia? eu queria ter esse luxo também.