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Mostrando postagens de dezembro, 2025

destruição - carlos drummond

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  [ beatriz milhazes ]         DESTRUIÇÃO  Os amantes se amam cruelmente  e com se amarem tanto não se veem.  Um se beija no outro, refletido.  Dois amantes que são? Dois inimigos.   Amantes são meninos estragados  pelo mimo de amar: e não percebem  quanto se pulverizam no enlaçar-se,  e como o que era mundo volve a nada.  Nada, ninguém. Amor, puro fantasma  que os passeia de leve, assim a cobra  se imprime na lembrança de seu trilho.  E eles quedam mordidos para sempre.  Deixaram de existir, mas o existido  continua a doer eternamente.   . . . . .  .  .  .   .    . soneto de versos brancos, ou seja, não têm esquema de rima regular. aqui, o caráter lírico parece querer expor sua face melosa, mas não acontece. não é do estilo do poeta mineiro a plenitude da subjetividade. ainda bem. os termos ligados ao amor, aqui, chamam atenção: cobra, fantasma, inimigo...

praça

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                                                      [ pq das águas, campinas ] fui andar na praça e tropecei numa tranquilidade suspeita estava largada no banco, tomando sol sentei do lado; ela me olhou de canto:  “ demorou, hein? ” “ tava ocupado ”, respondi “ fazendo o quê? ” “ ansiedade recreativa .” ela riu. ruim a tranqulidade rir, mas deixei ela pontuou: “ isso daí cansa. tenta só existir por uns minutos .” fiz o teste respirei foi quase fácil — o que me assustou ainda mais