julio cortazar (1914-1986), belga de pais argentinos, tem um conto, de nome "acefalia", começa assim:
“Cortaram a cabeça a um certo senhor, mas como depois estourou uma greve e não puderam enterrá-lo, esse senhor teve que continuar vivendo sem cabeça e arranjar-se bem ou mal. Em seguida ele notou que quatro dos cinco sentidos tinham ido embora com a cabeça. dotado somente de tato, mas cheio de boa vontade, sentou-se num banco da praça Lavalle e tocava uma por uma (...) tratando de distingui-las e dar os respectivos nomes. (...)”
estudiosos com diploma dizem que cortázar passa
pelo realismo fantástico ou mágico. é um tremendo paradoxo,
convenhamos, dizer que algo é realista e mágico ao mesmo tempo, mas não vou
discutir com doutor. aliás, nem vou contar o fim do conto por pirraça mesmo. você precisa ler.
o quente vem agora: seu
nome é mike. e a história é real. muita gente sabia, menos eu, que cortaram a cabeça de um galo,
desde o pescoço, e o dito cujo continuou vivendo mais um ano e meio. sério. está na foto acima. como quase tudo que é bizarro acontece nos estados unidos, foi lá mesmo que o evento se deu. 1945, no colorado: o fazendeiro lloyd resolveu preparar um galo para o jantar da sogra e, vapt,
numa cortada meio mal feita, a cabeça da ave caiu, mas mike – a ave –
continuou respirando. desvantagem: nada de cozido de galo, naquele dia. vantagem: ele não cantaria mais. alimentado através de um conta gotas,
pingando-se mistura de leite e água em seu buraco no pescoço, o galo mike até
engordou. era de fazer inveja à própria sogra de lloyd que, apesar de ter
cabeça, continuava sendo sogra, se é que me entendem.





