I N I C I A Ç Ã O
Com os olhos tapados pelas minhas mãos, os dois seios de A. tremiam no antegozo e no horror da morte consentida.
De ventosas aferradas à popa transatlântica de B., eu conheci a fúria das borrascas e a combustão dos sóis.
Pelas coxas de C. tive ingresso à imêmore caverna onde o meu desejo ficou preso para sempre nas sombras da parede e no latejar do sangue, realidade última que cega e que ensurdece.
[ prosas seguidas de odes mínimas, j paulo paes ]
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nota_
imêmore: sem memória
texto com pretensão sensual e temperos poéticos.
o orgasmo seria essa "morte consentida" ... o que chamavam na frança de "pequena morte", ou seja, o orgasmo era visto assim por franceses e francesas do mundo acadêmico. então tá.
olhem, de "A" para "C", passando por "B", uma descrição de relação física com mulheres. o prazer, aqui, é uma travessia turbulenta (horror, borrascas, realidade que ensurdece). a iniciação pode ser referência ao relacionamento físico, sexual. um aprendizado possível, nesse campo. mas a visão, aqui, é bem hétero, masculina mesmo, quase tóxica. as figuras femininas nem nome têm. a prioridade do desejo é só do poeta, masculino, no caso. aqui, o texto destoa dos demais, do livro. destoa porque é incoerente, forçado, diminui a figura feminina. por isso, não gostei. fazer o que.
uma pergunta: é sobre amor, o texto?
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