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pedras no sapato

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  no livro " f elicidade ", gianetti expõe que no século 18, o período iluminista apresentava uma equação que pressupunha uma harmonia entre a busca da felicidade e o progresso da civilização.  não é de hoje que se tem como senso comum que mais conforto material pode gerar melhoria nas ansiedades e até mais longevidade. o romance " a cidade e as serras " (séc 19) do eça de queiroz, vai na mesma linha, quando resume a felicidade ao grau de civilidade de uma pessoa. no final do livro, a teoria é mudada, mas fica o registro de um senso comum à época de eça: civilização é tudo.  hoje, por onde houver um estudante de classe média fazendo vestibular, país afora, saberemos que a busca é por um curso que "dê dinheiro". nenhum curso dá dinheiro, a gente sabe, mas essa ideia é a cenoura na frente do cavalo. é a busca de uma felicidade que despreza o lado humano da coisa. e o que nasce primeiro : a busca de felicidade ou a do dinheiro ?  o iluminismo perdeu ?   . . ....

vídeos criados por IA decretam fim da realidade filmada

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  filmes feitos  por inteligência artificial vão decretando o fim do vídeo como recurso argumentativo para expor realidade. adeus documentários; adeus jornalismo investigativo ou mesmo para publicidade... tudo pode ser revertido, desdito e recriado ao gosto do freguês. perigoso e cruel, esse recurso -- a (suposta) inteligência artificial -- cria multiversos com raro detalhe e, no visual, comparam-se a uma realidade, de fato. são figuras mitológicas conversando, animais cometendo toda sorte de sandice humana, pessoas famosas falando besteira e por aí vai. por isso, escola! então, hitler não se rendeu e morou na argentina? joão paulo segundo não sofreu atentado e atirou em si mesmo? palestinos estão recusando ajuda humanitária? presidente geisel era de esquerda? ... todas as mentiras que escrevi neste parágrafo podem se tornar imagens límpidas e, claro, dar munição a insensatos.  por isso, escola. educar. aprender. conviver. argumentar. acolher e exercitar cidadania. deve h...

tempo de viver e tempo de ...

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                                                                                               [ cassandre , fred fichet ]                         viver é complicado                 viver é um arrastar-se                 entre o se e o talvez            . . . .  .  .  .   .   cassandre ou cassandra é filha de príamo, rei de troia e tinha a capacidade de fazer profecias  apareceu no livro de homero, "ilíada". era a mais bela das filhas de príamo   aconteceu assim: por recusa a se envolver com apolo é amaldiçada por ele que a fez ter o...

será que pode colar? - uma chance ao aprendizado

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  o que há neste livro ? perguntas de c onhecimentos gerai s com quatro (4) alternativas em que se buscou um nível de dificuldade próximo a quem estuda no ensino fundamental 2, algo entre o 6o. e o 9o. ano.  por quê ? nesse período da vida escolar, fundamentam-se alguns valores importantes, como a preservação da natureza, a importância da arte e a vida em sociedade. como funciona o jogo ? numa página do livro, aparecem a pergunta e as alternativas. é preciso descobrir qual delas é a única que responde à pergunta feita. quem tem o livro em mãos pergunta para uma ou mais pessoas, de preferência jovens. pode-se estabelecer um tempo para responder ou até alguma pontuação para o acerto. na página seguinte está a resposta, acrescida de uma curiosidade e, por vezes, uma proposta de pesquisa.    . . . . . .  .  .   .    .  veja um exemplo do livro: Ave facilmente reconhecida pelo canto e parece dizer seu nome quando vocaliza. Ela apresenta ...

caminho de pedras - rachel de queiroz - resumo

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  caminho de pedras - romance, 1937 rachel de queiroz   (1910  fortaleza - 2003  rio de janeiro) na década de 1930 ligou-se ao partido comunista. a ideia era combater o varguismo e suas posturas antidemocráticas.  foi presa. teve livros queimados em praça pública, assim como jorge amado, na mesma década. na cadeia, escreve "caminho de pedras". sempre é bom lembrar que rachel -- apesar desse enfrentamento à era vargas -- apoiou o golpe militar de 1964 e deixa isso claro em algumas entrevistas, incluindo o famoso "roda viva", tv cultura, em que discute com caio fernando abreu a esse respeito. voltando ao "caminho de pedras".  o enredo: fortaleza. roberto está de volta à cidade, dez anos depois. enquanto espera alguém, em um café, olha para a rua tentando reconhecer a cidade de antes de sua partida.  Roberto sentou-se melancolicamente à banca do café. O balanço do mar ainda Ihe ecoava doloroso na à cabeça. Esperava alguém.  O sol queimava nas c...

greve de vida - amèlie

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  há livros que me chamam atenção pela capa, e este é assim : uma menina, de vermelho, sentada na cama, entristecida, diante de uma gaiola com um passarinho igualmente entristecido e vermelho. historinha simples, chamada "greve de vida", de amelie couture . a  garotinha é lucie, de oito anos, está morando com o pai há pouco tempo, desde que sua avó falecera. era esta que cuidava da menina e a educava com carinho. entristecida, ela precisa aprender a conviver com a nova esposa do pai e seu pequeno bebê, luca.  nada a faz sentir-se feliz, daí resolve não mais sair do quarto. faz isso por semanas seguidas, é quase assustador, tendo apenas a companhia de um passarinho em sua gaiola. mas o leitor experiente logo detecta a ponte para o desfecho possível. e não não vou contar aqui porque seria bobagem.  mesmo que você já tenha passado a adolescência, vai se entreter com a novelinha e as ilustrações do marc boutavant. boa leitura.  . . . . .  .   .  ...

o caminho da arte

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  já fui um quadro empoeirado, esquecido na parede rachada de um casarão mofado. se bem que não era exatamente um casarão, porque não havia capelinha no quintal, nem piano dentro da sala. era só um terreno grande, piso de tijolo, coberto de telhas marrons. muita gente morou ali. gerações de plantadores de cana, pescadores, donos de supermercado, um casal de encantadores de serpente aposentados, um youtuber com depressão e duas bailarinas cegas. todos entraram, saíram, mas eu fiquei. quadro. parede, preguinho, pó. fiquei. ninguém sabia quem me pintara nem o que exatamente eu retratava porque, aliás, mudava o tempo todo. pela manhã, aparecia um rosto deformado; à tarde, um campo florido; à noite, um bicho esquisito querendo sair de dentro da tela, como se o óleo ainda estivesse fresco. a moldura era circular o que facilitava a crença em supostas mudanças na imagem. diziam que quem passava tempo demais olhando para mim começava a ouvir sussurros, ou, pior, enxergar partes de si mesmo ...

um céu líquido

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                                                                                                [ picasso, mulher chorando, 1937 ] em "v estido de noiv a " (n. rodrigues), a personagem alaíde sofre alucinações em cama de hospital, vê figuras do passado, revive realidades.  a criatura de "f rankenstein " (shelley) com certeza deve ter sofrido um tanto, logo após abrir os olhos amarelos, na alemanha. há outros aqui, na estante, sofrendo do mesmo mal, como naziazeno (os ratos), luís (angústia), quixote (d quixote), mersault (o estrangeiro), sidonio rosa (venenos de deus, remédios do diabo) ou mesmo capitão celestino (a visão das plantas). olhem,  a depressão é a primeira curva na estrada das alucinações. da dep ressão vai-se para crise de ...

resignação - narcisa amália - comentário

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      RESIGNAÇÃO  - Narcisa Amália   No silêncio das noites perfumosas, Quando a vaga chorando beija a praia, Aos trêmulos rutilos das estrelas, Inclino a triste fronte que desmaia. E vejo o perpassar das sombras castas Dos delírios da leda mocidade; Comprimo o coração despedaçado Pela garra cruenta da saudade. Como é doce a lembrança desse tempo Em que o chão da existência era de flores, Quando entoava o múrmur das esferas A copla tentadora dos amores! Eu voava feliz nos ínvios serros Empós das borboletas matizadas... Era tão pura a abóbada do elísio Pendida sobre as veigas rociadas!... Hoje escalda-me os lábios riso insano, É febre o brilho ardente de meus olhos: Minha voz só retumba em ai plangente, Só juncam minha senda agros abrolhos. Mas que importa esta dor que me acabrunha, Que separa-me dos cânticos ruidosos, Se nas asas gentis da poesia Eleva-me a outros mundos mais formosos?!... Do céu azul, da flor,...

teresa teresa

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                     [ tereza em êxtase - d etalh e - autor: bernini] o conjunto de mármore e bronze "êxtase de santa tereza"  ( bernini, séc 17 ), dá conta de um estado marcante de contraste, no estilo barroco. um jovem risonho como um escobar machadiano, segura uma seta fálica bem acima da figura feminina, envolta em panos teocêntricos. ela parece mesmo em êxtase. está na igreja santa maria da vitória, roma.   " estou-me a vir " , como dizem as portuguesas, seria bom nome para essa  obra escandalosa aos valores do século 17.  o jovem, apesar das asas cristãs, bem lembra cupido, filho de vênus, figura tão cara aos amantes universais. e pagãos! tereza é dita " santa " . viveu no século 16 e registrou em texto seus encontros intensos e divinos com jesus -- ou similar. encontros físicos! está no " libro de la vida ". pesquisa e crê. é o desejo fazendo esparramas.               ...

robô selvagem - animação

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  assisti a " robô selvagem " (peter brown), 2024, animação que contém as vozes de pedro pascal  -- para a raposa -- e mark hamill -- urso pardo -- dentre outros. lupita nyong'o faz a voz do robô.  fábula quase distópica, " robô selvagem " navega entre a esperança e o caos com rara leveza, porque é dado ao robô a capacidade de aprender alguma coisa, graças a "astuto" -- a raposa -- e ao ganso "bico vivo", figuras que, em princípio, repelem o robô que caiu na floresta por acidente, mas depois o que se vê é uma simbiose entre esses três e, mais tarde, com todos da floresta.  com o tempo, os animais vão demonstrando que, apesar das diferenças, estão ali para ajudas mútuas. é um aprendizado que se dá graças às funções do robô. estranho, mas é verdade. é ficção, enfim. com final previsível, " robô selvagem " sugere debate não só sobre preservação da natureza, como a necessidade de convivência com essas tais inteligências artificiais que,...